sexta-feira, 22 de junho de 2012

Opinião: Incarceron


Título original: Incarceron (2007)
Autor: Catherine Fisher
Tradução: Mário Dias Correia
ISBN: 9789720043726
Editora: Porto Editora (2012)

Sinopse:
Finn é um jovem que perdeu a memória. Tudo o que se lembra é de acordar numa cela de Incarceron e, desde então, procura uma justificação para o facto de não se recordar o passado. O mundo a que tem acesso é uma vasta prisão dotada de inteligência, autossuficiente e que parece não ter limites. Tal como os outros habitantes de Incarceron, Finn conhece sabe que a prisão foi encerrada há séculos e sonha com a lenda de que apenas um homem conseguiu alcançar a liberdade. Como tal, o jovem alia-se a uns estranhos companheiros e juntos procuram uma saída. Mas entre o grupo há a dúvida: será que estão numa prisão ou será aquele todo o mundo que existe?

Paralelamente, no exterior, está Claudia Arlexa, a filha do guardião da misteriosa prisão. Ressentida pela relação distante que tem com o pai, Claudia encontra-se envolvida numa grande intriga política que coloca em causa o seu futuro. Amargurada por não poder tomar decisões sobre a sua vida, é movida pela vontade crescente de descobrir a localização da mítica prisão. Audaz, a jovem investiga os pertences do pai e toma posse de uma peculiar chave de cristal que lhe permite comunicar com um rapaz que afirma estar aprisionado em Incarceron. O nome desse rapaz é Finn.

Opinião:
A conceção geral deste livro é bastante aliciante, o que me fez partir para a leitura com algumas expectativas. O leitor fica a par de duas realidades dissemelhantes mas que estão intimamente ligadas. Por um lado existe a obscura prisão e os seus habitantes que chegam a ser meio humanos meio máquina que vivem numa verdadeira lei do mais forte. Por outro existe o exterior que é governado sob o Protocolo, uma lei que obriga todos a viverem como se estivessem presos no século XVII, apesar de a evolução tecnológica ser evidente. As descrições das paisagens lúgubres e assustadoras da prisão, da sociedade exterior aparentemente mais fresca e campestre e dos palácios requintados e glamorosos são fascinantes e os maiores atrativos da leitura.

Se os ambientes são encantadores, as personagens não guardam grandes surpresas. Finn, e os seus companheiros são dotados de personalidades típicas e as suas ações são bastante previsíveis. Já Claudia surge com maior complexidade mas, mais uma vez, não existem grandes abalos no seu desenvolvimento. Estas personagens ganham com as reflexões que lhes são inerentes. Assim, a autora leva o leitor a questionar-se sobre o verdadeiro valor da liberdade, sobre o arrependimento, a fidelidade e a coragem.

Terminada a leitura, senti que existiram certos assuntos que não necessitavam de tanta atenção enquanto outros mereciam um maior desenvolvimento.  Fica, então, a necessidade de saber mais sobre estes mundos. Gostaria de ter visto um lado mais negro e Incarceron mais explorada, não enquanto espaço onde decorre a ação, mas enquanto entidade mecânica que governa uma realidade com mão de ferro.

O final não possui grandes revelações e fica a ideia (que entretanto fui confirmar) de que a autora está a preparar a continuação deste livro. Sinceramente, penso que não haveria necessidade para tal, e que este funcionaria muito melhor se tivesse sido pensado para ser um livro independente. É uma leitura agradável e descontraída, mas não é particularmente marcante.  

Nota: A adaptação cinematográfica de "Incarceron" está em pré-produção desde fevereiro de 2012.

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