sexta-feira, 13 de julho de 2012

Opinião: Divergente (Divergente #1)


Autor: Veronica Roth
Título Original: Divergent (2011)
Tradução: Pedro Garcia Rosado
ISBN: 9789720043818
Editora: Porto Editora (2012)

Sinopse:


Beatrice Prior vive numa Chicago muito diferente da que existe e alguma vez existiu. Nesta sociedade, ficou decidido que a única forma de prevenir os grandes conflitos que destroem a humanidade era dividir todas as pessoas em cinco fações, sendo que cada uma está destinada a cultivar uma virtude específica, em detrimentos de outros valores. Sendo assim, existem os Cândidos, caracterizados pela sinceridade, os Abnegados, altruístas natos, os Intrépidos, que praticam a coragem, os Cordiais, que cultivam a amizade, e os Eruditos, donos de uma grande inteligência.

Tal como qualquer jovem que chega aos 16 anos, Beatrice terá de escolher a fação a que pertencerá pelo resto da sua vida. Esta não é uma decisão fácil. Beatrice terá de escolher entre a sua família e quem realmente é (ou pensa ser).

Surpreendida pelas suas próprias escolhas, a jovem depressa vai perceber que a escolha foi o início dos problemas, afinal o processo de iniciação pode ser mortal e existem perigos muito superiores para enfrentar. Afinal, ela é um perigo para si própria.

Opinião:

O conceito geral de “Divergente” é muito aliciante. Como forma de controlar a sociedade, foi instaurado um processo que formata as pessoas a agirem e pensarem de determinado modo, ao mesmo tempo que se lhes dá a ilusão de livre arbítrio, afinal, cada um escolhe a sua fação. Beatrice Prior, a protagonista, faz-nos perceber que a escolha leva a negar parte de quem é. Mas isso não acontece só por ela ser um caso particular, afinal, percebemos através do seu ponto de vista que existem mais personagens que não se sentem totalmente confortáveis com este modo de vida. 

Para praticarem aquilo que pensam ser o que vai de encontro à sua essência, os homens e mulheres desta distopia podem ter que abandonar quem amam, podem ter que passar por ritos de iniciação que quebram o espírito e podem sempre sentir a dúvida sobre a validade dos seus atos. Afinal, a humanidade não é linear, não é apenas descrita mediante uma característica, é complexa e não se satisfaz facilmente.

Veronica Roth prende-nos a este mundo. Com uma escrita fácil de acompanhar, descrições bem conseguidas que não caem em exageros e personagens cativantes, torna-se fácil acompanhar esta leitura. 

Beatrice é uma protagonista com quem é fácil criar empatia. Apaixonada, insatisfeita e lutadora, consegue surpreender ao mesmo tempo que nos apresenta uma visão muito interessante de quem a rodeia. Contudo, a certo momento, a trama cai numa característica presente em quase toda a literatura destinada a um público mais jovem: uma história de amor entre dois jovens que parecem, por instantes, esquecer toda a destruição e corrupção que os rodeia. Sinceramente, acho que este tópico poderia ter sido exposto de um outro modo (SPOILER! Afinal, não consegui entender o facto de a protagonista, a certo momento, ver os seus progenitores a morrer de modo cruel, mas parecer mais concentrada em recuperar o rapaz por quem se apaixonou. Os pais morreram a ajudá-la, o que fez com que faltasse sentimento de culpa, remorso, dúvida, e maior dor. FIM DE SPOILER!).

O final fica em aberto, pois “Divergente” revela ser o primeiro de uma nova saga, cujo segundo volume já foi apresentado, com o título “Insurgent” (ainda sem tradução em Portugal). Esta é uma leitura interessante que promete desenvolvimentos surpreendentes no futuro.


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