quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Opinião: Imperfeitos (Série Uglies #1)

Título original: Uglies (2005)
Autor: Scott Westerfeld
Tradutor: Carla Nunes
ISBN: 9789896680121
Editora: Vogais (2010)

Sinopse:

Num mundo de extrema beleza, a normalidade é sinónimo de imperfeição. Num futuro não tão distante quanto isso, não há guerras, nem fome, nem pobreza. O mundo é perfeito. Todos são perfeitos. Pelo menos, depois de completarem 16 anos. Qualquer um pode ter a aparência de um supermodelo… e que mal haveria nisso?

Tally Youngblood mal pode esperar pelo seu décimo sexto aniversário, altura em que será submetida à cirurgia radical que a transformará de uma mera Imperfeita para uma deslumbrante Perfeita. Uns lábios bem delineados, um nariz proporcional, um corpo ideal… é tudo o que sempre quis. Já para não falar que uma vida de diversão num paraíso de alta tecnologia espera por si. Mas quando a sua melhor amiga decide virar as costas a esta vida perfeita e foge, Tally descobre um lado inteiramente novo do mundo dos Perfeitos – e que, por sinal, nada tem de perfeito. É então forçada a fazer a pior escolha possível: encontrar a amiga e traí-la ou perder para sempre a possibilidade de se tornar Perfeita. Seja qual for a sua decisão, a sua vida nunca mais será a mesma.


Opinião: 

Scott Westerfeld volta a apostar em leitores jovens, desta vez através da ficção científica. Imperfeitos é o primeiro de uma série de quatro livros, onde o pano de fundo da ação é uma sociedade futurista onde a beleza e a juventude são valorizadas em detrimento das imperfeições humanas e da experiência de vida. Deste modo, a população é controlada através de atividades superficiais e de prazeres rápidos, de modo a que ninguém questione o seu mundo.

No início, o leitor depara-se com Tally, a protagonista desta trama. Jovem e insegura, está prestes a completar a idade necessária para começar a fazer as cirurgias plásticas que a levarão a ter a imagem que idealiza. Ansiosa por ir para o centro da cidade onde todas as atividades divertidas têm lugar, Tally acaba por não ver os seus antigos desejos atendidos. 

Ao colocar a amizade em primeiro lugar, Tally chega a um local que acreditava já não existir: uma zona onde a tecnologia foi suplantada pela natureza. Naquele meio, Tally descobre que existe uma realidade completamente diferente, e que tudo o que acreditava ser ideal na sociedade onde cresceu poderá ter falhas. Em contacto com novas personagens que lhe apresentam uma outra visão do mundo, Tally começa a questionar o passado e o presente. 

Deste modo, o leitor coloca-se na pele das personagens e reflete sobre o que escolheria: seria melhor viver num mundo de ilusão, onde os problemas são esquecidos e a realidade é ocultada ou é preferível lutar e sofrer pela verdade? Apesar de ser uma obra que remete para um futuro distante, a verdade é que muitas das questões colocadas pelo autor são atuais.

As personagens resumem-se a adolescentes, o que faz com que eles oferecem um caráter mais superficial sobre as questões pertinentes. Tally, a heroína, não convence facilmente o leitor, sendo que as personagens secundárias acabam por se destacar ao serem dotadas de uma construção mais sólida. A linguagem utilizada é simples e fácil de acompanhar, e a partir do momento em que o leitor percebe o mundo que Scott Westerfeld desenhou, depressa se percebe qual o caminho que a trama vai seguir.

Como qualquer livro dedicado a um público jovem, também Imperfeitos tem a sua dose de romance. Pessoalmente não fiquei encantada por esta parte da história, pois pareceu demasiado óbvia e, em certos momentos forçada. Penso que seria mais interessante o autor focar-se na exploração do mundo e na transformação das personagens ao longo da narrativa.

Imperfeitos acaba por ser uma obra que proporciona momentos agradáveis e que nos relembra conceitos que acabam por estar melhor explorados em outros livros. 

Outros livros de Scott Westerfeld:
A Hora Secreta (Midnigthers #1)
No Limiar das Trevas (Midnighters #2)
Meio-Dia Azul (Midnighters #3)

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