terça-feira, 6 de novembro de 2012

Opinião: O Livro de Victor Frankenstein

Título original: The Case Book of Victor Frankenstein (2008)
Autor: Peter Ackroyd
Tradutor: Marta Oliveira
ISBN: 9789896373283
Editora: Camões e Companhia - chancela das Edições Saída de Emergência (2011)
Peter Ackroyd, autor britânico, faz um tributo a uma das obras mais assustadoras de sempre: Frankenstein, de Mary Shelley. O autor apresenta uma versão própria da história do homem que criou uma criatura condenada e condenável.

Sinopse:

Século XIX. Dois estudantes de Oxford, o investigador Victor Frankenstein e o poeta Percy Shelley, encontram-se e formam uma amizade improvável. Shelley desafia as convenções religiosas de Frankenstein e abre-lhe os olhos para noções estéticas sobre criação e vida.

Obcecado por estes novos ideais e desejoso de reanimar os mortos, o jovem cientista inicia experiências anatómicas num celeiro isolado perto de Oxford. Mas estes espécimes revelam-se imperfeitos, e cedo Victor transfere o seu laboratório para uma fábrica abandonada em Limehouse.

E é então que o cientista se cruza com os ressurreicionistas, cujos métodos macabros colocam Frankenstein em grande perigo enquanto ele trabalha fervorosamente para criar a terrífica criatura que irá imortalizar o seu nome…


Opinião:
 

Victor Frankenstein surge como um jovem proveniente de Genebra, Suíça, que sempre ambicionou a obtenção de conhecimento acima de todas as coisas. Quando chegou à idade certa, partiu para Oxford com o objectivo de aprofundar os seus estudos e de se tornar um investigador pioneiro nas matérias da vida humana.

“Mas eu já me tinha separado para sempre das actividades comuns dos homens. A minha mente tinha apenas um pensamento, uma ideia, um objectivo. Desejava alcançar mais, muito mais do que os que me rodeavam, e acreditava piamente que descobriria um novo método, exploraria poderes desconhecidos, e revelaria ao mundo os mistérios mais profundos da criação.”

É durante esta fase que Frankenstein estabelece uma relação de amizade com Percy Shelley (personagem cujo nome não é uma mera coincidência, tratando-se de uma representação do marido de Mary Shelley), um poeta ateu que influencia os seus novos ideias assim como lhe apresenta uma nova noção sobre os conceitos de vida e criação. O investigador começa a ficar cada vez mais centrado na procura da essência da vida, e inicia uma série de experiências obscuras, das quais tinha uma meta muito concreta: devolver a vida ao que está morto.

“Ao restaurar a vida humana, eu estava prestes a começar um empreendimento que poderia mudar a própria consciência humana! (…) Extrair a vida da morte, restaurar espíritos perdidos e funções do corpo humano, o que poderia ser mais benéfico?”

Apesar de não cativar logo ao início, este livro revela ser uma leitura agradável para os fãs de terror. O leitor que conhece a versão da autoria de May Shelley, vai encontrar inúmeros pontos em comum, mas também vai ficar surpreendido com momentos que diferem do trama original. Destaco o momento em que algumas personagens se juntam em Genebra e recriam a ocasião em que Mary Shelley, na companhia de Percy Shelley, de Lord Byron e de John Polidori, conta a história daquele que veio a ser um dos monstros mais conhecidos do nosso tempo. Surge, então uma junção agradável entre a vida da autora e a história da sua criação.

A leitura não é exigente e as descrições levam o leitor a percorrer, facilmente, as ruas miseráveis e as casas luxuosas do século XIX. A capacidade descritiva torna-se mais evidente nos momentos em que são relatadas as experiências de Victor Frankenstein, uma vez que a construção das imagens mais desagradáveis é imediata. Contudo, em certos momentos, parece que falta algo à leitura: mais do monstro e mais terror. Existem acções que se tornam aborrecidas, mas o fim improvável da trama é bastante compensatório.

Este é um livro agradável que vai suscitar a curiosidade e revelar momentos interessantes aos fãs de Frankenstein, o monstro criado por Mary Shelley.

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