segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Opinião: A Condessa


Título original: The Countess (2010)
Autor: Rebecca Johns
Tradutor: Mário Dias Correia
ISBN: 9789892315966
Editora: Asa (2011)

Sinopse:

A bela condessa Erzsébet Báthory nasceu num berço de ouro da aristocracia húngara. Nada faria prever que acabaria os seus dias encarcerada na torre do seu próprio castelo. O seu crime: os macabros assassínios de dezenas de criadas, na sua maioria jovens raparigas torturadas até à morte por desagradarem à sua impiedosa senhora.

Pouco antes de ser isolada para sempre, Erzsébet conta a apaixonante história da sua vida. Ela foi capaz dos mais cruéis actos de tortura mas também do mais apaixonado e intenso amor. Foi mãe, amante, companheira… uma mulher que teve o mundo a seus pés e se transformou num monstro.

Os seus opositores retrataram-na como uma bruxa sanguinária, um retrato que fez dela a mulher mais odiada da História. Erzsébet inspirou Drácula, inscreveu-se na literatura clássica e contemporânea, deu azo a filmes, séries de TV e até jogos de computador.

Opinião:

Erzsébet Báthory é uma condessa húngara que ficou para a história por, supostamente, ter sido a autora de uma série de assassinatos que estariam ligados a uma obsessão pela beleza. Rebecca Johns, professora assistente de uma Universidade em Chicago, decidiu inspirar-se na temível “Condessa de Sangue” para criar uma obra intensa.

Em A Condessa, a autora relata a vida de Ersébet, nascida no seio da aristocracia húngara. Emparedada como punição pelos seus crimes, a outrora grande senhora relata em carta ao seu filho os momentos mais marcantes da sua história, desde a infância até à sua condenação. Desta forma, é possível observar o crescimento de uma rapariga igual a tantas outras, os seus amores e desgostos, alegrias e tristezas, assim como os pequenos atos que fizeram com que fosse possível castigar, de forma tão cruel, dezenas de criadas.

“Oferecera-lhes emprego, instrução, os refinamentos da boa comida e da boa companhia, a oportunidade de se distinguirem, mas nenhuma das minhas criadas provara ser digna dos meus esforços, nem uma em todos aqueles longos anos.”

Nesta obra, o leitor conhece uma outra possível versão da história, onde uma mulher com uma das melhores educações, para a época, se transforma em alguém capaz de ações que vão contra todos os conceitos morais. Rebecca Johns faz com que este relato leve a interrogar acerca da condição feminina ao longo da história, uma vez que, sem marido, se torna num alvo bastante vulnerável, assim como no valor moral, que é alterado consoante cada lado.

Ao longo da leitura, existem momentos em que é possível sofrer com a protagonista e até entender algumas das maquinações de uma mulher tão complexa. Contudo, existem momentos extremos que fazem duvidar da sua sanidade assim como da dos seus seguidores, o que leva a pensar que todos temos um lado mais negro, e que este, quando em descontrolo, nos pode levar para caminhos assustadores.

Contada na primeira pessoa, é possível ao leitor ficar mais próximo dos dramas de Erzsébet, assim como quase lhe desejar uma salvação. Afinal, fica a duvida quando à sua condenação, se esta terá sido feita pela sua práticas ou se por questões políticas e estratégicas, uma vez que se tratava de uma mulher poderosa, capaz de desagradar grandes senhores.

A Condessa é um livro que faz virar as páginas num ritmo frenético. O leitor vai querer saber sempre mais, vai tentar perceber onde a autora o quer levar e vai chegar a quase sentir compaixão daquela mulher. Porém, para quem está à espera de encontrar uma trama mais relacionada com vampirismo e de grandes cultos secretos poderá ficar dececionado. Esta é uma obra que se tenta aproximar mais de factos históricos do que das lendas que surgiram após à morte de Erzsébet.

Uma leitura que muito vai agradar a quem gosta de dramas históricos e a quem se sente fascinado por esta mulher controversa.

2 comentários:

TLB disse...

Thank you for the kind review!

Rebecca Johns

Anónimo disse...

Deixei-te um selinho no meu blogue. :)
Beijos!