sábado, 5 de janeiro de 2013

Opinião: Raptada (O Jardim Químico #1)

Título Original: Wither (2011)
Autor: Lauren DeStefano  
Tradução: Irene Daun e Lorena, Nuno Daun e Lorena 
ISBN: 9789896572204
Editora: Planeta (2012)

Sinopse:

Em Raptada, primeiro livro da saga O Jardim Químico, as evoluções da ciência afetaram profundamente os seres humanos. A certo momento, todas as pessoas nascidas a partir de uma determinada geração passaram a ter uma esperança média de vida muito reduzida. Os rapazes morrem aos 25 anos, as raparigas aos 20. Esta alteração veio mudar profundamente a sociedade. Sob o receio do desaparecimento da raça humana, as raparigas são raptadas e obrigada a estabelecer casamentos polígamos.
Rhine Ellery é uma dessas raparigas. Com pais da primeira geração (isto é, que não são afetados pelo vírus que faz diminuir drasticamente a longevidade), a protagonista é levada para uma casa de aparente privilégio. Juntamente com as suas duas irmãs-esposas, Rhine é forçada a uma vivência que não quer, e não pode demonstrar o seu desagrado. Porém, a protagonista não descansa enquanto não encontra um plano de fuga que a permitirá voltar para junto do seu irmão gémeo.

Opinião:

Lauren DeStefano revela uma distopia cruel, na qual rapazes e raparigas são forçados a crescer depressa e vivem com o receio da morte prematura. Rhine, a heroína desta trama, tem 16 anos e distingue-se pela inconformidade e pelo desejo de fazer mudança. O leitor vai apreciar as diferenças que existem entre a protagonista e as suas duas irmãs-esposas. Enquanto Rhine é pragmática, inteligente e corajosa, Jenna é espelho da derrota inconformada e Cecily incorpora a ingenuidade, alegria e ignorância da juventude.
Através de uma obra narrada na primeira pessoa, é interessante ver como a autora apresenta o mundo que rodeia a protagonista. Se, ao início, a casa para onde é levada é considerada malérfica, tal como os seus habitantes, com o tempo Rhine vai perceber que existem outros inocentes que, tal como ela, estão a ser manipulados por alguém superior.
Apesar de, numa primeira análise, conter conceitos estimulantes, a trama parece, por momentos, demasiado focada em banalidades da vida doméstica. O romance que surge não convence plenamente, uma vez que parece nascer apenas na necessidade de afeto. Outra questão que fica por perceber melhor é o interesse de Linden em Rhine. Tendo em conta que o jovem sofreu uma grande perda, é com estranheza que o observamos a superar isso tão rapidamente e ainda a colocar a protagonista quase num pedestal.
Existem certos momentos que podem desagradar os leitores portugueses. Afinal, Rhine é fascinada por história, nomeadamente pelas grandes conquistadas alcançadas pela navegação. Aqui, entram alguns conceitos que não estão inteiramente corretos, o que deixa adivinhar falta de pesquisa por parte da autora.

No final, fica a curiosidade de saber o que vai acontecer à protagonista, assim como é de lamentar o facto não se ficarem a conhecer, concretamente, os planos do Supervisor Vaughn. Este último revela-se uma das personagens mais curiosas, muito graças ao mistério que o envolve e por ser caracterizado a partir de suposições da protagonista.

Com uma leitura fácil de acompanhar, é uma história agradável, mas que carece de um maior desenvolvimento. Todavia, lida a última página, fica a ideia de que existe muito a ser explorado e que tal vai acontecer no próximo livro da saga.

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