quarta-feira, 6 de março de 2013

Opinião: A Floresta Mecânica

Título Original: Variant (2011)
Autor: Robinson Wells
Tradutor: Catarina F. Almeida
ISBN: 9789896572761
Editora: Planeta (2012)

Sinopse:

Benson Fisher pensou que uma bolsa para frequentar a Academia Maxfield seria o seu passaporte para uma vida com futuro. Estava enganado. Agora, vive num colégio cercado por uma vedação de arame farpado. Um colégio onde câmaras de vigilância monitorizam todos os seus movimentos. Onde não há adultos. Onde os alunos se dividiram em grupos para sobreviver. Onde a punição por violar as regras é a morte.

Mas, quando descobre, por acidente, o verdadeiro segredo do colégio, Benson percebe que cumprir as regras poderá trazer-lhe um destino pior que a morte, e que a fuga – a sua única esperança de sobrevivência – talvez seja uma missão impossível.

Opinião:

A Floresta Mecânica - Os Variantes, é um livro direcionado para um público jovem-adulto. O ambiente apresentado faz lembrar uma prisão e o leitor consegue afastar-se, completamente da realidade fora do espaço apresentado. A certo momento, parece que o mundo criado por Robinson Wells se resume àquele espaço restrito, mas com o avançar da leitura percebemos também existem segredos no exterior (mas estes parecem ser apenas explorados no próximo volume da saga).

O que me chamou mais a atenção no início desta leitura foi a forma como o edifício do colégio controla os jovens que o frequentam. Depois disso, achei interessante observar como estes alunos se organizaram para garantir a sua sobrevivência. Testar limites para permanecer vivo acaba por ser o tema fulcral da trama. O leitor assiste às diferentes atitudes que o ser humano revela em situações extremas e vê de que forma uma sociedade se organiza e forma hierarquias de modo a que a coexistência se torne possível. Deste modo, existem aqueles que se aliam ao colégio de modo a alcançar poder, mas também os que não se conformam com tal situação e sonham com a liberdade. Mas não nos podemos esquecer que as personagens são crianças e jovens e, por isso existem momentos que são marcados pela imaturidade típica da idade.

Benson Fisher, o protagonista, é um jovem muito revoltado com a sua vida e que guarda a esperança de conseguir alcançar um futuro melhor. Contudo, quando percebe que o colégio onde está confinado não é exatamente aquilo que sonhava ser, Benson vai tentar integrar nesta estranha sociedade ao mesmo tempo que não descarta a hipótese de fuga. Achei curiosa a evolução desta personagem, que passou por várias fases para se adaptar a esta nova realidade. Ao início, Benson é o jovem que nega tudo o que o rodeia, que não se conforma, mas, aos poucos e poucos, acaba por mudar algumas das suas atitudes até chegar a um ponto de aceitação. Contudo, isso não dura muito tempo, pois algumas descobertas fazem ressurgir a vontade de descobrir a verdade por trás do colégio.

Existem momentos em que o autor parece querer colocar uma relação amorosa no centro da trama, mas isso rapidamente desaparece, graças a revelações inesperadas que fazem aumentar o clima de mistério. Contudo, as muitas questões que surgem não são completamente respondidas, o que cria alguma frustração. Percebemos que para entender a verdade daquele colégio será necessário ler o próximo volume da saga, já que este é focado na apresentação de factos e teorias.

A escrita é simples e proporciona uma leitura rápida e fácil de entender. Quanto à tradução, não percebi inteiramente a razão de o título português ser A Floresta Mecânica, pois esta só surge mesmo no final, não é o ponto principal da narrativa, não haver certeza de que seja mecânica e por no original o livro ser Variants (Variantes, a fação que Benson integra para sobreviver no colégio).

O final pareceu-me ser demasiado brusco, remetendo diretamente para uma continuação e deixando um sentimento de que há muito por descobrir e que este volume poderia ter um fim mais concreto. Não existem grandes conclusões ou revelações. A história vai agradar quem aprecia distopias voltadas para um público mais jovem.


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