quinta-feira, 9 de maio de 2013

Opinião: A Ilha do Final do Tempo

Título original: Navigatio (2009)
Autor: Javier González
Tradutor: Sónia Rodrigues
ISBN: 9789896372095
Editora: Edições Saída de Emergência (2010)

“A ilha de San Borondón encantada vale mais que dez ilhas de San Borondón descobertas.”

Sinopse:


A lenda de Borondón, relata a existência de uma misteriosa ilha no Atlântico, que aparece ao longo dos séculos. Esta ilha está cartografada por famosos navegantes e o seu testemunho mais recente é uma fotografia publicada no ano de 1958. Diz quem a viu que é o paraíso na terra.

Nas ruínas da Igreja de uma pacata vila, descobrem-se três objectos que haviam sido emparedados, talvez para nunca mais serem encontrados: Uma pena, os restos mortais de um monge, e um manuscrito de nome Navigatio. Alejandra, uma bela médica forense encarregada da autópsia dos restos mortais do monge, e o historiador Sebastian Cameron, ver-se-ão envolvidos numa investigação complexa e que pode mudar as suas vidas, a nossa história, e o conceito que temos do tempo. Mas terão que repetir a lendária viagem que os monges realizaram há 1500 anos, e descobrir que no meio do Oceano Atlântico, por trás da névoa, se escondem as respostas há muitos séculos esquecidas pelo homem. Na Ilha do Final do Tempo.


Opinião:
A Ilha do Final do Tempo é um livro muito bem conseguido que explora o facto de todas as lendas terem um fundo de verdade, mas que devido à sua transmissão através da oralidade, serem inevitavelmente deturpadas, deixando a dúvida sobre a componente autêntica.

Apesar de a personagem de Cameron ser o guia da trama, o autor decidiu, e muito bem, incluir na narrativa diferentes histórias passadas em diferentes locais e tempos, deixando o leitor visitar Espanha e Portugal do século XVI, as Invasões Napoleónicas, ocorridas no século XIX, assim como o incêndio de Alexandria em 391. Apesar de este ser um facto que fornece uma visão mais alargada e que nos leva a ter a sensação de viagem no tempo, a verdade é que também pode fazer surgir alguma dispersão na leitura, o que propicia o abrandar do ritmo e por vezes até o desinteresse.

Para além da própria aventura, existem reflexões sobre a importância da demanda, sendo a procura e luta por algo mais importante do que a concretização dos objectivos.

“Talvez os homens perseguissem sempre, inutilmente, encontrar uma resposta para todos os seus sonhos, fantasias e medos. Sem se aperceberem de que a resolução do enigma era a destruição do mesmo. Sem mistério não há magia, e sem magia, a vida é um lugar muito ermo para se sobreviver.”

As personalidade das personagens não se encontra aprofundada, não só devido ao seu elevado número mas também ao foco do autor no desenrolar da trama. O estilo de escrita utilizado é simples e fácil de seguir.

A Ilha do Final do Tempo é um bom exemplo de uma demanda onde a história, mística, ciência e fantasia proporcionam ao leitor um enigma atraente e misterioso que, à medida que vai sendo desvendado. Uma leitura agradável, mas que não marca particularmente.

Sem comentários: