sábado, 29 de junho de 2013

Opinião: Ponte de Sonhos (Efémera #3)



Título Original: Bridge of Dreams (2012)
Autor: Anne Bishop
Tradutor: Maria João Trindade
ISBN: 9789896375294
Editora: Edições Saída de Emergência (2013)

Sinopse:

Quando os magos ameaçam Belladonna e o seu trabalho para manter Efémera em equilíbrio, o seu irmão Lee sacrifica-se para a salvar — e acaba por ser internado num Asilo na cidade de Visão, longe de tudo o que conhece. Ao mesmo tempo, umas estranhas trevas parecem estar a espalhar-se — uma escuridão que esconde a natureza dos Xamãs que cuidam da cidade e da sua população. Danyal, um dos Xamãs, é o responsável pelo Asilo. Mas talvez por estar a tentar descobrir os seus próprios sonhos, Danyal sente-se intrigado pelos aparentes delírios de Lee. Com a ajuda de Zhahar, uma mulher com os seus próprios segredos tenebrosos, a mente e o corpo de Lee melhoram, e as suas palavras começam a fazer sentido. Em breve, Danyal e Zhahar começam a vislumbrar o mundo como nunca haviam imaginado. Quando Danyal, Lee e Zhahar se unem para descobrir o que ameaça a cidade, serão obrigados a olhar para além de si mesmos — e para dentro de si mesmos — para descobrir quem são… e até que ponto podem ser demasiado perigosos.

Opinião:

Ponte de Sonhos é o regresso ao mundo de Efémera, anteriormente explorado nos livros Sebastian, Belladona e ainda no conto A Voz.

A trama tem início um pouco depois de Belladona ter encerrado o Devorador do Mundo. O protagonista, desta vez, é Lee, o irmão mais novo de Belladona e um Construtor de Pontes. A autora explora esta personagem com o intuito de dar a conhecer as suas qualidades, defeitos e principais defeitos. É interessante verificar que este é um homem atormentado que não aceita completamente aquilo que o faz sofrer. Só com o tempo e com a aceitação da sua natureza é que tal vai ser possível, assim como a procura da felicidade. 

Entre as novas personagens que foram dadas a conhecer o destaque vai para Zhahar, ou, melhor dizendo, Sholeh Zeela a Zhazar, uma Tríade. Esta é uma figura que introduz o leitor para um novo ser composto por três irmãs que partilham o mesmo espaço físico.

“Uma que são três e três que são uma”.

Sholeh Zeela a Zhazar resulta da junção de três irmãs com personalidades bem distintas. Cada uma está a associada a um centro, sendo Sholeh a intelectual, Zeela a mais impulsiva e Zhazar a que está ligada ao coração. Representação de um ser completo, a Tríade é também um ser novo e desconhecido, o que faz a autora explorar a ideia de preconceito e, com ela, as inseguranças e medos associados à não aceitação pelos outros.  O leitor vai sentir-se interessado na exploração destas novas personagens, nomeadamente na forma como as três coexistem.

Ao longo da trama, é possível ver a preocupação da autora de não só fornecer uma história emocionante mas que também possua mensagens relevantes para o mundo atual. Assim, a ideia de que são os Homens que transformam o mundo com as suas ações e desejos é constantemente relembrada. Anne Bishop concede um mundo detentor de Luz e Escuridão, sendo que a existência apenas é possível através do equilíbrio. As suas personagens são também detentoras destas duas naturezas, o que as leva a viverem conflitos interiores interessantes e permite uma empatia com o leitor mais instantânea.

“Que o teu coração viaje com leveza, pois o que trazes contigo torna-se parte da paisagem.”

A autora relembra o poder dos desejos e mostra que estes, quando realizados, podem revelar um lado inesperado na natureza do seu autor. 

Igualmente, existe uma enorme preocupação com a natureza. Sendo a autora uma adepta fervorosa da jardinagem, nota-se esta sua paixão a cada página, quer seja na atividade principal das Paisagistas, quer em pormenores que se revelam provocadores de grandes mudanças.

A resolução final é adequada, mas deixa ainda algumas explicações no ar e certos assuntos por resolver, o que pode não agradar a todos os leitores. Contudo, os fãs de Anne Bishop vão apreciar esta viagem por Paisagens onde a humanidade é apresentada nas suas diversas facetas. Recomendo.


Outras opiniões a livros de Anne Bishop:
A Voz
Os Pilares do Mundo (Tir Alainn #1)

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