sábado, 8 de junho de 2013

Opinião: Windhaven

Título Original: Windhaven (1981)
Autor: George R. R. Martin e Lisa Tuttle
Tradução: Jorge Candeias
ISBN: 9789896375225
Editora: Saída de Emergência (2013)

Sinopse:

Ao descobrirem neste novo planeta a habilidade de voar com asas de metal, os voadores de asas prateadas tornam-se a elite e levam a todo o lado notícias, canções e histórias. Atravessam oceanos, enfrentam as tempestades e são heróis lendários que enfrentam a morte a cada golpe traiçoeiro do vento. Maris de Amberly, filha de um pescador, foi criada por um voador e nada mais deseja do que conquistar os céus de Windhaven. A sua ambição é tão forte que a jovem desafia a tradição para se juntar à elite. Mas cedo irá descobrir que nem todos os voadores estão dispostos a aceitá-la e terá de lutar e arriscar a vida pelo seu sonho. Conseguirá Maris vencer ou tornar-se-á uma testemunha do fim de Windhaven?

Opinião:

O sucesso das Crónicas de Gelo e Fogo por terras lusas levam a Saída de Emergência a apostar em outras obras de George R. R. Martin.

Windhaven foi escrito em colaboração com Lisa Tuttle e revela um universo novo, onde o mundo conhecido é composto por ilhas. Desta forma, a comunicação entre os espaços terrestres só é possível pelos lentos navios ou pelas impressionantes asas de metal que lembram as invenções de Leonardo da Vinci e que apenas uma elite apelidada de “voadores” pode usar.

A protagonista desta trama é Maris de Amberly. Filha de um pescador que desapareceu no mar e de uma aldeã ríspida, Maris tem um sonho ousado e praticamente impossível de alcançar: tornar-se uma voadora. Numa sociedade em que o direito à asas é hereditário, Maris sofre com a ideia de nunca vir a concretizar o seu maior desejo, até ao dia em que conhece Russ.

Sem filhos e com vontade de passar o seu legado a alguém dotado, Russ adoptada Maris e ensina-lhe a sua arte. A jovem consegue concretizar os seus sonhos, mas a sua batalha não acaba aqui. O leitor acompanha o percurso desta heroína inspiradora desde os seus tempos de infância até ao fim.

Windhaven é uma narrativa importante para todos os sonhadores. Mostra que a vida é uma jornada repleta de obstáculos, e que, com força de vontade, estes podem ser ultrapassados. Contudo, mostra também que os finais felizes não existem na sua totalidade. Afinal, o fim não é encontrado quando o sonho é realizado, uma vez que a luta por ele nunca termina.

Esta é também uma história que faz reflectir sobre preconceito, tradição e mudanças. A narrativa mostra que a capacidade de alterar o que não se acha correcto é possível, mas que tal acaba por trazer mais consequência do que poderia ser inicialmente esperado. Uma lição interessante e pertinente.

A protagonista pode não criar uma empatia instantânea, mas revela-se humana e em constante evolução. Ao início, poderá ser vista como temerária e irreverente, mas, a certo ponto, é possível verificar o seu egoísmo e, só com o tempo, se observa a abnegação. As circunstâncias em que se encontra mudam Maris, mas não terminam com a sua maior paixão.

Os fãs de George R. R. Martin vão reconhecer nesta obra a capacidade do autor de criar personagens reais, dotadas de luz e escuridão. O caso mais explícito é Val Monoasa, um jovem que, inicialmente, pode parecer sarcástico e cruel, mas que acaba por revelar uma grande profundidade e objectivos aceitáveis.

Contudo, quem leu as obras do autor que foram anteriormente publicadas em Portugal pode sentir falta da preocupação pelos detalhes e pelas reviravoltas de cortar a respiração. Afinal, estas 336 páginas descrevem toda uma vida, existindo momentos que parecem acontecer com demasiada rapidez e até com alguma previsibilidade. O final surge de forma abrupta e o leitor fica com vontade de saber o que aconteceu até se chegar àquele momento.

Windhaven revela-se uma leitura agradável, aconselhável a quem quer conhecer mais obras do autor e a quem se quer iniciar do estilo de escrita de George R. R. Martin. 

Sem comentários: