terça-feira, 23 de julho de 2013

Opinião: After Earth - Depois da Terra

Título original: After Earth (2013)
Autor: Peter David (baseado no argumento de Gary Whitta e M. Night Shyamalan, com história de Will Smith)
Tradução: Rui Azeredo e Renato Carreira
ISBN: 9789896375256
Editora: Edições Saída de Emergência (2013)

Sinopse:

O general Cypher Raige, do Corpo Unificado de Patrulheiros, é apenas o último de uma longa linhagem de heróis. Durante mil anos, desde que o apocalipse ambiental dominou a Terra, os Raige foram um instrumento fundamental para a sobrevivência da humanidade. Lideraram o caminho quando os sobreviventes foram forçados a abandonar a Terra, instalaram-se num planeta inóspito ao qual chamaram Nova Prime, enfrentaram a chacina por parte de uma misteriosa força alienígena e estabeleceram um novo lar na ponta mais longínqua da galáxia.
Cypher acabou de regressar para junto da família após uma prolongada missão no exterior. Para o seu filho de treze anos, Kitai, acompanhar o lendário pai é a aventura de uma vida – e uma oportunidade para salvar a relação deles.
Mas, quando um asteroide colide com a nave deles, despenham-se e Cypher fica seriamente ferido, correndo risco de vida. Kitai Raige sempre quis provar que estava à altura de conviver com um apelido tão ilustre. E agora, talvez cedo de mais, terá a sua oportunidade. Com a vida do pai em risco, Kitai tem de se aventurar em terreno desconhecido e hostil num novo mundo que parece estranhamente familiar: a Terra.

Opinião:

Filho do respeitado general Cypher Raige, do Corpo Unificado dos Patrulheiros, Kitai, o protagonista da trama, ambicionada ser motivo de orgulho do pai. Afinal, um acontecimento traumatizante durante a sua infância leva-o a sentir uma necessidade sufocante de provar o seu valor ao progenitor.

Com apenas 13 anos, Kitai apresenta as mesmas características que muitos jovens da sua idade. Se por um lado é uma criança que deseja amor dos pais, também é um jovem que luta pelo seu lugar na sociedade. Pelas duas razões anteriormente mencionadas, o jovem sujeita-se às difíceis provas de selecção dos Patrulheiros.

O sucesso não é logo alcançado, muito devido à emotividade típica da idade e Kitai teme a reacção do pai. Contudo, o frio e profissional Cypher mostra-se decidido a recuperar a família e, para tal, convida o filho a acompanhá-lo numa missão no exterior. Mas tudo corre mal e eles acabam num planeta desenvolvido para matar humanos: a Terra.

Este é um livro pequeno mas emocionante e repleto de aventuras. A empatia com Kitai surge logo nas primeiras páginas, muito devido às suas inseguranças e sonhos. Este jovem surpreendente promete tornar-se num amigo para os mais novos e numa recordação dos sentimentos da juventude para os veteranos.

A relação filho/ pai pode incomodar, mas é mesmo essa a intenção. Afinal, trata-se de uma família que sofreu uma grande perda, sendo que o pai, sempre profissional, decidiu dedicar ainda mais a sua atenção ao trabalho. Apesar de, em certo modo, se perceber as razões que levam Kitai a venerar o pai louvado pelos seus pares, também existe uma certa incompreensão, já que o jovem parece invisível aos olhos do progenitor. A evolução desta relação acaba por aproximar o leitor de Cypher, já que o seu lado mais emocional acaba por ser revelado.

O ritmo da leitura é rápido e repleto de momentos de acção. É com curiosidade que o leitor acompanha Kitai nas suas diferentes aventuras, desde as que são passadas em Nova Prime às que são vividas na Terra. As batalhas são descritas de uma forma quase cinematográfica, proporcionando uma imagem instantânea de todos os movimentos executados. Isto faz com que não existem momentos demasiado parados.

A história principal é completada por alguns capítulos dedicados a acontecimentos passados. Desta forma, é possível tomar conhecimento dos últimos dias dos humanos que abandonaram a Terra no seu planeta de origem, assim como a assistir a alguns dos momentos mais importantes do governo de Nova Prime. Apesar de interessantes devido à informação que contêm, estas histórias transmitem outras ideias que podem não ser bem aceites. Refiro-me ao facto de a família Raige ser sempre apresentada como dotada das mesmas características, como se todos os seus elementos estivessem destinados ao sucesso e à liderança. Este aspecto parece referir que uma pessoa será, inevitavelmente, quem os seus pais foram, sem hipótese de mudança. Esta é uma ideia controversa.

A descrição da Terra pós-humanos tem alguns aspectos cativantes e outros que não convencem totalmente. A evolução da fauna e da flora e as consequências da destruição da camada do ozono fazem recordar no quanto o nosso planeta mudou e no que pode ainda acontecer. Contudo, é estranho a certo momento haver uma referência a um local que foi formado pelo choque de dois continentes quando apenas se passaram cerca de 1000 anos desde que a humanidade abandonou o planeta (sendo que esta saiu antes de 2100 d. C. e estudos científicos mostram que tal só poderá acontecer dentro de cerca 50 a 200 milhões de anos).

Apesar do final demasiado rápido e da vontade em perceber o que aconteceu depois, After Earth – Depois da Terra revela-se um livro agradável, que se lê num ápice e diverte.

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