sexta-feira, 5 de julho de 2013

Opinião: O Palácio da Meia-Noite (Trilogia da Neblina #2)

Título Original: El Palacio de la Medianoche (1994)
Autor: Carlos Ruiz Záfon
Tradução: Maria do Carmo Abreu
ISBN: 9789896573881
Editora: Planeta (2013)

Sinopse:

Um comboio em chamas atravessa a cidade. Um espectro de fogo semeia o terror nas sombras da noite. Mas isso não é mais do que o princípio. Numa noite obscura, um tenente inglês luta para salvar a vida a dois bebés de uma ameaça impensável. Apesar das insuportáveis chuvas da monção e do terror que o assedia a cada esquina, o jovem britânico consegue pô-los a salvo, mas que preço irá pagar? A perda da sua vida. Anos mais tarde, na véspera de fazer dezasseis anos, Ben, Sheere e os amigos terão de enfrentar o mais terrível e mortífero mistério da história da cidade dos palácios.

Opinião:

Apesar de ser apresentado como o segundo volume de uma trilogia, O Palácio da Meia-Noite é um volume que pode ser lido como stand-alone. Afinal, os três livros não estão ligados pela história, mas sim pelos elementos de terror e pelo facto de ser destinado a um público juvenil.

Neste volume, o leitor viaja até Calcutá. A narrativa é iniciada em clima de perseguição, no qual um tenente inglês tenta, a todo o custo, salvar a vida a dois bebés. Apesar dos perseguidores nunca surgirem, o leitor sente o clima de ameaça eminente. O britânico consegue alcançar o seu objectivo a troco da sua vida.

Anos mais tarde, é possível perceber no que se tornaram aquelas crianças e o porquê de as suas vidas estarem a ser ameaçadas desde que nasceram. A trama, narrada por um dos melhores amigos do protagonista, acompanha esta descoberta do passado e o confronto com o terror que leva a viver com medo há 16 anos.

À semelhança do que aconteceu com O Príncipe da Neblina, as personagens principais são jovens. O fato de terem crescido num orfanato leva-os a desenvolver um sentido forte de irmandade, aliado aos valores do companheirismo e lealdade. É interessante ver como cada um destes jovens é dotado de características e vocações distintas, mas fica a necessidade de ver estas personalidades mais aprofundadas. No final, é curioso ver o destino de cada um, uma forma de o autor alertar para a dureza da vida real.

A intriga está construída de uma forma interessante, uma vez que, com o desenrolar da história principal se vai também descobrindo o passado. Esta exposição está bem conseguida, pois feita de forma gradual, leva a que certos aspectos só sejam desvendados no momento certo. Desta forma, só no final é que o leitor pode ter a certeza do que realmente desencadeou o terror. Contudo, a identidade do vilão é demasiado perceptível. O jogo de palavras usado pelo autor não engana, o que pode acabar por desmotivar o leitor.

A descrição do ambiente está demasiado centrada na tensão e perigo e não tanto no local onde tudo se passa. Isto faz com que, por vezes, o leitor se esqueça que está na Índia, parecendo muitas vezes que tudo se assemelha a uma zona mais pobre de um país europeu. Porém, é evidente, desde o início, que se está perante uma história de fantasmas, onde o lado mais obscuro do ser humano é o catalisador de sofrimento.


O Palácio da Meia-Noite é um livro de leitura rápida que proporciona momentos agradáveis a “jovens dos dos 9 aos 99”, citando palavras do autor. 

Outras opiniões a livros de Carlos Ruiz Záfon:
O Príncipe da Neblina (Trilogia da Neblina #1)

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