quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Opinião: Luz e Sombras (Trilogia dos Pilares do Mundo #2)

Título original: Shadwos and Light (2002)
Autor: Anne Bishop
Tradutor: Luís Coimbra

ISBN: 9789896374273
Editora: Edições Saída de Emergência (2012)

Sinopse:

Desde o massacre das bruxas, os Fae, que deviam proteger as suas primas há muito esquecidas, ignoraram as necessidades do resto do mundo. Agora as sombras voltam a alastrar-se sobre as aldeias do oriente. Sombras negras e poderosas que ameaçam todas as feiticeiras, todas as mulheres e os próprios Fae. Apenas três pessoas podem fazer frente à loucura coletiva que se está a disseminar e impedir que mais sangue seja derramado: o Bardo, a Musa, e a Ceifeira. Aiden, o Bardo, sabe que o mundo está dependente da proteção dos Fae, mas estes recusam-se a escutar os seus avisos sobre o mal que se esconde nas florestas. Vê-se obrigado a partir com o amor da sua vida, Lyrra, a Musa, numa aventura arriscada em busca do único Fae capaz de fazer o seu povo despertar da indiferença. Se os Fae não agirem depressa, ninguém sobreviverá…

Opinião: 

Depois de ter ficado rendida com Os Pilares do Mundo, iniciei a leitura do segundo volume da trilogia "Tir Alainn", Luz e Sombras. Feitas as introduções a este mundo no primeiro livro, é possível constatar a vontade da autora de o explorar. Deste modo, surgem mais personagens e locais sem menosprezar as figuras que cativaram anteriormente.

Tendo ainda como base a submissão das mulheres por um grupo de humanos com ideias repressivos, Anne Bishop apresenta novas realidades e novas formas de enfrentar a pressão dos pares. Desta forma surge Padrick, um jovem barão que não aceita a inferiorizarão do sexo feminino. É interessante ver a forma como esta personagem actua, muitas vezes de forma ingénua mas sempre com coragem. Através dos olhos de Padrick é possível constatar as mudanças que vão sendo efectuadas numa aldeia, e é curioso verificar que o medo é utilizado para manipular mulheres como também homens.


É com interesse que se observa a passagem de sociedade matriarcal para patriarcal. Esta é brusca e violenta, possuindo métodos usados para manipular pensamentos e reorganizar a sociedade que, apesar de não serem propriamente bonitos, fazem lembrar o que aconteceu com povos pagãos aquando a chegada de invasores ou de novas ideias.

O mundo dos Fae é também mais explorado graças à rebeldia do Bardo, Musa e da Ceifeira. Se no primeiro volume foram apresentados os que vivem em Tir Alainn e vêm os humanos como inferiores, agora a autora debruça-se mais sobre um outro grupo, com formas de organização e ideias diferentes dos primeiros. As três personagem que foram mencionadas vão perceber que a descoberta que fizeram não é uma novidade para todos os Fae, havendo mesmo quem sempre tenha vivido com a intenção de a executar. Neste campo, existe uma tentativa da autor esconder a verdadeira identidade de uma certa personagem, mas tal é bastante perceptível ao longo da leitura.

Apesar de estar ser uma obra característica de Anne Bishop, a verdade é que acaba por não cativar tanto como aconteceu com o primeiro volume da trilogia. A trama não possui um grupo central, sendo que autora vai saltando entre núcleos. Existe, desta forma, uma certa dispersão, até porque os grupos apresentados podem parecer não ter qualquer ligação entre si. Isto também pode acontecer por este ser um livro de ligação entre o início e o fim da trilogia, logo ser focado mais no desenvolvimento do mundo do que nas apresentações ou conclusões.

Luz e Sombras é um volume que, por diversas vezes, justifica o nome que lhe foi dado. O leitor tanto assiste a momentos de puro desespero como outros de esperança, sendo possível verificar um equilíbrio entre estes elementos. Uma leitura deliciosa para os fãs de Bishop, mas que não possui grandes conclusões. Estas só deverão chegar com A Casa de Gain, o derradeiro livro da trilogia.

Outras opiniões a livros de Anne Bishop:
A Voz
Os Pilares do Mundo (Tir Alainn #1)
Ponte de Sonhos (Efémera #3) 

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