terça-feira, 24 de setembro de 2013

Opinião: Maligna

Título original: The Evil Seed (2008)
Autor: Joanne Harris
Tradutor: Isabel Alves
ISBN: 9789892316383
Editora: Asa (2011)

Sinopse:

Alice e Joe têm em comum a paixão pela arte - ela é pintora e ele é músico - e, em tempos, estiveram também unidos pelo amor que sentiam um pelo outro. As suas vidas seguiram diferentes rumos, mas o reencontro é inevitável. Joe tem agora uma nova namorada, Ginny, que provoca em Alice uma intensa perturbação. A beleza etérea e singular de Ginny repele-a, e o seu sinistro grupo de amigos atemoriza-a.
Os hábitos estranhos da jovem deixam Alice suficientemente inquieta para levar a cabo uma investigação por conta própria. E o que descobre vai mudar tudo. Ginny tem em seu poder um velho diário que conta a trágica história de amor de Daniel Holmes e Rosemary Virginia Ashley, cujo poder de sedução não conhece limites. Só que Rosemary morreu há meio século… mas o seu magnetismo não está certamente extinto.
À medida que as histórias se entrelaçam, passado e presente fundemse; Alice apercebe-se de que o seu ódio instintivo em relação à nova namorada de Joe pode não se dever apenas ao ciúme, já que algo em Ginny a arrasta irremediavelmente para um universo de insondável obsessão, vingança, sedução e sangue…

Opinião:

Maligna é um livro que tem como objectivo incomodar o leitor e fazê-lo pensar que o mal está próximo e pode atacar a qualquer momento. Contudo, isso não significa que a autora tenha sido bem sucedida nesta tarefa.

Esta foi uma das primeiras histórias escritas por Joanne Harris, autora de bestsellers como Chocolate e Cinco Quartos de Laranja. Existe alguma expetativa quanto à trama, mas também é necessário ter em consideração que a mesma foi escrita num período mais inexperiente.

A acção desenrola-se em dois tempos, sendo cada um diferenciado pelos números dos capítulos. O 1 aponta a década de 1940 e a história narrada por Daniel, o 2 remete para um suposto presente e é apresentado por Alice. Entre estes dois tempos há pontos em comum e algumas circunstâncias que acontecem praticamente na mesma forma, o que dá uma noção de repetição e acaba por se tornar desagradável. Apesar do clima de mistério, é possível perceber logo a razão de tal acontecer. É demasiado fácil adivinhar o final, o que faz com as tentativas de reviravoltas não sejam bem sucedidas.

 Esta não é uma leitura propriamente simples de fazer, não por possuir conceitos ou ideias que exijam uma reflexão mais aprofundada, mas por não agarrar o leitor. Em momento algum me senti cativada pela trama, a leitura foi feita sempre por persistência pessoal e até algum esforço. A história não está mal escrita e a ideia base até tem algum interesse, mas o desenvolvimento é aborrecido e a caracterização das personagens é supérflua e pouco atractiva.

É inevitável associar o misticismo da obra ao vampirismo. Contudo, em momento algum existe uma afirmação de que seja disso que se trata. As criaturas sobrenaturais estão interessantes, possuem algumas diferenças bem conseguidas e teria sido curioso vê-las dentro de uma trama mais apelativa. O ambiente gótico e saudosista inicial seria um bom fundo para uma narrativa mais intensa e curiosamente e substituído na segunda parte de livro por cenários de carnificina e horror.

Maligna está longe de ser um dos melhores trabalhos de Joanne Harris e poderá ser uma desilusão para os fãs da autora. Até podia ter uma ideia base boa, mas tornou-se previsível e aborrecido.

Outras opiniões a livros de Joanne Harris:
A Marca das Runas (Crónicas das Runas #1)

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