domingo, 16 de março de 2014

Opinião: O Império das Asas

Título Original: When We Have Wings (2011)
Autor: Claire Corbett
Tradução: Raquel Lopes
ISBN: 9789720045911
Editora: Porto Editora (2013)

Sinopse:

Voar deixou de ser um sonho impossível, mas apenas os ricos e poderosos podem pagar a cirurgia, medicamentos e manipulação genética para tal. Peri, uma jovem de classe baixa, está disposta a qualquer coisa para conseguir as suas asas e se juntar à elite, mas cedo descobre que o preço do seu sonho é mais elevado do que alguma vez imaginara. Será ela capaz de abdicar de tudo o que lhe é fundamental na vida? Um romance original sobre sacrifícios, traições e amor.

Opinião:

Claire Corbett inspirou-se num dos sonhos mais antigos do ser humano para criar O Império das Asas. A autora reflete sobre até onde é possível ir para concretizar o desejo de voar, transmite a beleza e a liberdade de percorrer os céus e ainda faz pensar sobre as implicações inerentes às modificações genéticas na identidade pessoal e na caracterização da sociedade.

Entrar nesta história pode não ser uma tarefa simples. Logo nas primeiras páginas, surgem algumas personagens e conceitos que não são devidamente apresentados, o que gera algumas dúvidas. Só com o decorrer da leitura se percebe quem eram as figuras mencionadas e o peso do que realmente aconteceu nos dois primeiros capítulos. Percebo que esta foi uma tentativa da autora iniciar a narrativa com um momento intenso de ação, mas a verdade é que não me prendeu e me fez continuar com alguma hesitação. Porém, os capítulos que se seguem já são mais perceptíveis.

É através de Peri e Zeke  que ficamos a conhecer a história. Peri é protagonista, uma jovem ama voadora que acaba por se tornar no centro de uma investigação intensa. É ela o motor desta obra, já que são as suas ações que condicionam a trama e é a sua história que desejamos ver desvendada. Já Zeke é o detective particular responsável pelo caso. Contratado pela família para a qual Peri trabalha, revela ser bastante humano e inquisitivo, tanto pelo caso que tem nas mãos como pela própria condição da humanidade.

Confesso que apesar de Peri ser o foco da narrativa, não consegui sentir qualquer ligação com esta personagem. Os capítulos de Peri, narrados na terceira pessoa, foram os menos entusiasmantes, enquanto os de Zeke, que surgem na primeira pessoa, já apresentam conteúdos que prendem, apesar de mesmo assim conterem muita informação desnecessária. O facto de não me sentir completamente agarrada a estas duas figuras e de achar o livro demasiado longo fez com que a leitura fosse lente e pouco estimulante.

Os pontos altos foram mesmo a descrição desta sociedade futurista, onde o fosso entre ricos e pobres cresce com a evolução cientifica. São poucos os que têm acesso aos meios de "aperfeiçoamento", mas esses poucos conseguem transformar as infraestruturas da cidade, fundar sociedades poderosas e até criar uma nova religião. Também apreciei as reflexões sobre a condição humana e sobre os riscos desta evolução. Contudo, estes pontos não têm o destaque necessário, e acabam sim por servir como elementos de cenário.

O Império das Asas não me impressionou. Demasiado focado em discrições aborrecidas e desnecessárias, não aproveitou bem o mundo construído, que era realmente interessante. A autora prendeu-se em descrições excessivas quando podia expor as suas ideias de uma forma mais criativa e estimulante para o leitor. As personagens também ficaram aquém das expetativas e o final que lhes é dado carece de fundamento. Uma desilusão.

Sem comentários: