quarta-feira, 16 de abril de 2014

Opinião: Dias de Esplendor, Dias de Sofrimento

Autor: Juliet Grey
Título Original: Days of Splendor, Days of Sorrow (2012)
Tradução: Nuno Daun e Lorena
ISBN: 9789896574277
Editora: Planeta (2014)

Sinopse:

Paris 1774.
Na tenra idade de dezoito anos, Maria Antonieta ascende ao trono francês ao lado do marido, Luís XVI. Mas por detrás da extravagância da jovem rainha, com vestidos de seda elaborados e vertiginosos penteados, escondem-se medos profundos em relação ao seu futuro e ao da dinastia Bourbon.
Das dores do casamento à alegria de conceber uma criança, da paixão por um militar sueco, Axel von Fersen, ao devastador Caso do Colar de Diamantes, Maria Antonieta tenta elevar-se acima dos boatos e rivalidades do seu círculo. Mas a revolução floresce na América e uma ameaça muito maior paira junto dos portões dourados de Versalhes, que pode afastar a monarquia francesa para sempre.

Opinião:

Maria Antonieta é uma das figuras históricas que aprendemos desde cedo a detestar. É sempre apresentada como uma mulher fútil, de muitos vícios, que fazia gastos excessivos enquanto o povo de França passava fome, tendo sido por isso e por muito  mais morta. Contudo, Dias de Esplendor, Dias de Sofrimento de Juliet Grey mostra esta rainha poderá, afinal, ter sido usada como bode expiatório e, através de uma pesquisa detalhada, faz-nos acreditar nisso.

Apesar de ser o segundo livro de uma trilogia, a verdade é que pode ser muito bem lido sem recurso aos outros volumes. A acção começa no  momento em que Maria Antonieta sobe ao trono, aos 18 anos. A partir daí, a autora mostra-nos a vida desta rainha até ao momento em que a Revolução Francesa despoleta e, assim sendo, o leitor assiste realmente ao período de esplendo que Maria Antonieta viveu na corte francesa e também aos seus dias de sofrimento, sendo que estes, apesar de sempre presentes, são mais fortes nas últimas páginas do livro.

Ao início, não é fácil gostar de Maria Antonieta. O motivo para tal não se prende pelo facto de ser uma personagem mal construída, mas pelas ideias anteriores que já existem dela, assim como pela ingenuidade e infantilidade das suas atitudes e acções. Contudo, são essas mesmas características que nos fazem perceber que Maria Antonieta tem um bom coração, e que os seus comportamentos e escolhas muitas vezes chocam devido ao facto de ser uma jovem sem total consciência da realidade que existe fora da corte. A partir desse momento, os sentimentos do leitor pela rainha mudam e existe uma vontade crescente de a proteger.

A relação da rainha com Luís XVI está retratada de uma forma bastante curiosa. Antes de mais, percebe-se que se trata de um casal unido por um forte respeito e amizade. Os problemas que os atormentam acabam por atrasar o processo de amadurecimento da rainha, que acaba por se dedicar a actividades que podem não agradar ao leitor. A relação desta mulher com a família austríaca acabou por ser bem apresentada graças às cartas que são trocadas. De salientar ainda a forma como a autora abordou o conhecido Caso do Colar, que é apresentado desde o planeamento até às consequências provocadas e que apela à leitura.

Trama agradável e que fornece uma visão mais alargada desta figura histórica, a verdade é que possui diversos momentos que podem causar aborrecimento. Tal pode surgir devido à existência de inúmeras personagens com nomes difíceis de decorar e que podem ser confundidas quando não são devidamente distinguidas, ou pelos momentos mais parados e mortos que quebram o ritmo da leitura.

Quero ainda deixar uma nota para capa. Gostei que a editora fugisse da original e usasse um retrato de Maria Antonieta jovem, feito a pastel por Joseph Ducreux . Afinal, este livro começa o período da juventude até à maturidade desta rainha e esta imagem acaba por ligar muito bem com o que a autora pretende abordar.

Dias de Esplendor, Dias de Sofrimento é um livro que recomendo a quem tem interesse por esta época da monarquia francesa e também a quem acredita que cada história tem mais do que um lado. Terminada a leitura, senti que fiquei com uma visão mais abrangente sobre este período graças a uma viagem agradável pela escrita de Juliet Grey.

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