terça-feira, 6 de maio de 2014

Opinião: Espíritos de Gelo

Autor: Raphael Draccon
ISBN: 9789895579013
Editora: Gailivro (2011)

Sinopse:

Ele acordou nu acorrentado naquele lugar fétido e mal iluminado. Ao lado dele, havia dois encapuzados de tamanhos desproporcionais e sadismos parecidos. À frente, um interrogador bizarro com uma camisa surrada do Black Sabbath e um semblante sério no rosto que não lembrava um homem, mas sim uma Coisa. Uma criatura que se alimentava de medo. Um interrogador com a face de um macabro palhaço. »Se você não se lembrar do que aconteceu nas últimas horas, nós faremos com que sofra ainda mais. Como se estivesse num dos nove círculos do Inferno», fora o que eu disse, já pensando em iniciar um eletrochoque.

Opinião:
“Se fosse não se lembrar do que aconteceu nas últimas horas, nós faremos com que sofra ainda mais, como se estivesse em um dos nove círculos do Inferno…
Foi o que eles disseram antes do terceiro eletrochoque
Essa nem foi uma das piores partes”

Raphael Draccon revela Espíritos de Gelo, que revela a história de um homem que acorda num sítio desconhecido, amarrado a uma cadeira e com uma costura no lugar dos rins. Para piorar a situação, à sua frente estão três figuras assustadoras que querem desvendar o passado do protagonista através de técnicas atrozes. Vítima de tortura, o jovem começa a recordar o seu passado, e, lentamente, percebe os motivos que o levaram a chegar àquela difícil situação.

O leitor reconhece com facilidade a lenda urbana do homem que acordou numa banheira cheia de gelo e sem um rim, depois de uma noite da qual não consegue recordar. Draccon explora ainda outros temas, como as sociedades secretas que buscam o prazer, a dicotomia entre Deus e Satanás e o valor da traição.

Narrada na primeira pessoa, a trama revela-se envolvente, apesar de o arranque inicial não o sugerir. A história dá saltos entre a situação em que o protagonista se encontra e entre a sua história. No leitor, cresce o desejo de perceber o que aconteceu, assim como, ao mesmo tempo, reflete sobre as ações do jovem bon vivant que se encontra sob tortura.

A maior falha desta edição poderá ser a falta de um trabalho de tradução. O livro está escrito segundo o português do Brasil, o que faz com que surjam certos conceitos e até mesmo expressões que podem não ser compreendidas na totalidade ou até gerar algum desagrado ao leitor.

No geral, esta é uma obra interessante, que prende e mantém o suspense. O final revela-se bastante apropriado e satisfatório.

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