quinta-feira, 3 de julho de 2014

Entrevista a fundadores do projecto literário "Imaginauta"

O Imaginauta é um nome novo e que promete dar que falar. Tem como principal objectivo trazer à luz do dia boas obras independentes que se destaquem no panorama nacional e é apresentado ao mesmo tempo que lança o livro "Comandante Serralves - Despojos de Guerra". Estive à conversa com os fundadores deste projecto literário que deseja fazer a diferença e está aberto a colaborações.
Desde já, agradeço a disponibilidade, prontidão e simpatia dos elementos que compõe o Imaginauta.
  
Uma Biblioteca em Construção (U.B.C.) - Como e quando surgiu a ideia de criar o Imaginauta?
Imaginauta (I) - Lembram-se daquela anedota infantil da pescada, que antes de o ser, já o era? O mesmo se passou com o Imaginauta. Antes sequer de surgir no campo das ideias, já acontecia sob a forma de projectos dispersos… Alguns de nós estiveram envolvidos na fundação da “Lusitânia”, outros na do site “Fantasy&Co”, etc. Nasceu então a vontade de criar uma marca para ligar iniciativas heterogéneas.

U.B.C. - O que o Imaginauta traz de diferente ao panorama literário nacional?
I - Isso é algo que em breve esperamos ouvir do público. Será sinal que estamos a fazer o nosso trabalho bem. O que queremos é fazer surgir coisas que nos apaixonem, que pensamos que possam encher um bocadinho as muitas lacunas que sentimos. Por exemplo, o nosso primeiro produto, o Serralves desbrava certos conceitos que não vemos muito comummente explorados em Portugal. Primeiro de tudo, é uma história com vários episódios que à primeira vista são independentes, mas que se interligam, como é muito comum na banda desenhada de super-heróis ou séries de televisão. Depois, é uma história no espaço, sem medo de se assumir como uma aventura de ficção científica. Por fim, desde o início estamos preparados para expandir este universo em vários formatos.

U.B.C. - Percebe-se que o nome do projecto surgiu da união de duas palavras. Podem explicar o que querem transmitir com a palavra “Imaginauta”?
I - O Imaginauta é um viajante, capaz de atravessar vários planos da imaginação, trazendo-nos os muitos mundos alternativos que visita. Quase dá uma história por si só, não é?

U.B.C. - Quem pode participar e colaborar?
I - Toda a gente está convidada a contactar-nos por correio@imaginauta.com e deixar as suas sugestões, propostas, ideias, sonhos, desejos, obras, críticas, etc… Não temos nenhum djinn distribuidor de desejos, mas somos bons ouvintes e entusiasmamo-nos facilmente. Quem sabe não ocorre alguma sinergia.

U.B.C. - A ficção parece ser a base deste projecto. Existe algum género literário de eleição dentro deste projecto?
I - Confessamos que gostamos de ver brincar com a realidade, dando-lhe uns empurrões, uns esticões, virando-a de pernas para o ar… Mas não nos limitamos, os Mundos pelos quais o Imaginauta passou são muitos, e diversos de mais para estar a tentar arranjar uma caixinha para catalogar cada um. Só no Serralves Começámos com algo que mistura Space Opera com um sentimento pulp e um cheirinho de Hard Sci Fi.

U.B.C. - O Imaginauta dá-se a conhecer e anuncia a publicação de um livro, “Comandante Serralves – Despojos de Guerra”. Isto quer dizer que também será uma editora?
I - Não somos uma editora, de todo. Não temos um catálogo planeado, não nos focamos apenas em livros e não temos uma estratégia orientada para o lucro (mas mais para um orçamento zero).

U.B.C. - Quanto a “Comandante Serralves – Despojos de Guerra”, como surgiu a ideia de fazer um livro a diversas mãos?
I - Surgiu através de um conto, escrito por um dos autores, que teve o privilégio de passar por uma leitura de um editor que deu valiosos conselhos sobre a história. Num deles, ressalvou o worldbuiding e como a história parecia pertencer a um arco maior. Que de certo modo lhe fazia lembrar um episódio de uma série com três ou quatro temporadas. E aí fez faísca. Porque não? Porque não entregar este mundo a outros escritores, dar-lhes a liberdade de explorarem outras perspectiva, de preencher este universo com as suas criações, personagens e acontecimentos? A partir daí, foi só procurar os autores certos e trabalhar, trabalhar, trabalhar, durante mais de um ano.

U.B.C. - Quem são os seis autores que participam neste livro?
I - Para isso, terão de ir às nossas apresentações. Iremos fazer uma no Porto, no Central Comics Fest, dia 12 e outra em Lisboa em data a anunciar também em Julho.

U.B.C. - Onde e quando o livro poderá ser adquirido?
I - Estamos a planear lançar o livro (e talvez alguns extras) em Setembro. Os leitores que quiserem deitar a mão às histórias do intrépido comandante poderão fazê-lo no dia do lançamento, em outros eventos presenciais em que participemos e encomenda on-line em ligação a anunciar.

U.B.C. - Existe a hipótese de fazerem outras colectâneas como a do Comandante Serralves? Qualquer voluntário pode tentar a sorte e participar?
I - Tudo depende da recepção dos leitores. O Serralves ainda tem muitas aventuras para contar, muitas características das personagens e do universo em si para revelar. Existem até alguns “rabos de fora” de propósito para os leitores mais atentos, que poderão ser explorados no futuro. Caso se faça um novo volume de histórias, claro que vamos querer ouvir as vozes dos autores que se enamoraram com o universo apresentado. No entanto, mesmo que não seja lançado nenhum novo volume, nada impede (nada mesmo, força nisso!) de surgirem por aí obras baseadas nos Despojos de Guerra que o Imaginauta possa declarar canónicas. Tudo dentro de um espírito de licenciamento Creative Commons com atribuição de uso não comercial.

U.B.C. - O que esperam obter através do Imaginauta?
I - Muitas horas de trabalho e algumas dores de cabeça compensadas por leitores satisfeitos e um prazer imenso de ver boas obras cá fora. Com sorte e engenho, talvez tornar o Imaginauta uma pedrada no charco.

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