terça-feira, 15 de julho de 2014

Opinião: Os Regressados

Título original: The Returned (2013)
Autor: Jason Mott
Tradutor: Teresa Pinheiro
ISBN: 9789720045980
Editora: Porto Editora (2014)

Sinopse:

Nada na vida é certo. Nem mesmo a morte.
Para Harold e Lucille Hargrave, o mundo parece ter voltado a girar sem o filho, décadas depois da sua trágica morte, ao oitavo aniversário. Até que um dia Jacob reaparece misteriosamente à porta de casa - em carne e osso, tal como no dia em que morreu.
Um pouco por todo o lado, os entes queridos de milhões de pessoas começam a regressar da morte, sem ninguém saber como ou por que motivo isso acontece. Será um milagre ou algo mais assustador?
À medida que o caos emerge no mundo inteiro, a família Hargrave reencontra-se no centro de uma comunidade à beira do abismo, obrigada a lidar com uma realidade nova e misteriosa que ameaça desvendar a verdadeira essência da natureza humana.
Numa prosa elegante e profundamente emotiva, Os Regressados - romance de sucesso instantâneo nos principais tops de ficção contemporânea - é uma história inesquecível e hipnotizante que promete conquistar o mundo.

Opinião:

O conceito principal desta história atraiu-me. O que aconteceria se os mortos voltassem? Ora aqui está uma pergunta que poderia dar origem a horas de conversa e à escrita de centenas de páginas. Jason Mott conseguiu explorar esta ideia através de diferentes pontos de vista em Os Regressados.

O primeiro capítulo consegue agarrar e atrair para a leitura. A ideia de um casal idoso e com uma relação marcada pela dor ser confrontado com o regresso do filho que morreu quando tinha oito anos é algo que choca. Mas mais impressionante, foram as diferentes reações de Harold e Lucille, o que deixou logo em claro a capacidade de Jason Mott para desenvolver personalidades. Nestas primeiras páginas, o autor leva-nos a pensar que nós nunca sabemos como vamos reagir perante certas situações, mesmo quando acreditamos piamente que sim.

As personagens são o foco desta leitura. As que mais me cativaram foram as do lado dos vivos, muito devido à forma como cada uma enfrentou este fenómeno anti-natura.A aceitação, a negação, a revolta, a alegria, a dor e o medo foram os sentimentos mais evidentes. O confronto entre estas figuras deram origem aos momentos mais interessantes de toda a leitura. Por outro lado, os mortos regressados, não me conseguiram cativar. Penso que tal aconteceu por ser essa a intenção do autor, que fez destas personagens sombras daquilo que elas deveriam ter sido e, por isso, não as apresentou e desenvolveu da mesma forma que fez com os vivos. Porém, isso fez com que o livro não atingisse o nível que esperava.

O agente Bellamy foi uma das personagens que mais me intrigou e no final fiquei um pouco triste por não ter chegado a uma conclusão concreta sobre ele. Percebe-se que é um homem bom e uma revelação mais perto do fim dá-lhe uma outra dimensão, mas a verdade é que poderia ter sido muito mais forte do que aquilo que foi. Em toda a leitura tive a sensação de que da parte de Bellamy iria surgir algo fantástico, mas tal nunca aconteceu.

Este é um livro bem escrito e que li a um ritmo rápido, apesar de não me ter cativado por completo. A trama parece-me demasiado básica e não houve um único acontecimento que me tivesse impressionado. Gostaria de ter visto uma reviravoltas  mais surpreendentes e emotivas ao longo da leitura. Contudo, adorei o intercalar de capítulos com pequenas histórias de regressados. Esses momentos intensificaram a ideia de grande quantidade de mortos que voltaram à vida, para além de que é o único momento em que é possível ver o ponto de vista deles.

A conclusão de Os Regressados possuí beleza e tristeza. Faz pensar sobre as diferentes formas e fases do luto, para além de que prova que este não é um livro sobre morte mas sobre vida. Jason Mott apresenta um romance de estreia que possui uma boa ideia base, que possui falhas mas que não deixa de marcar, de alguma forma, o leitor.

2 comentários:

Rosana Maia disse...

Olá :)

Gostei muito de ler a tua opinião. Pareceu-me ter o toque que gosto de sinceridade. :) E, mesmo sendo sincera nos pontos menos bons, a opinião deixou-me curiosa em relação ao livro.

Boas viagens,
Rosana
http://bloguinhasparadise.blogspot.pt/

Cláudia disse...

Obrigada Rosana :) Espero que tenhas oportunidade de o ler. Beijinho*