quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Opinião. Anjos Rebeldes (Gemma Doyle #2)

Título original: Rebel Angels (2005)
Autor: Libba Bray
Tradução: Susana Serrão
ISBN: 9789892327624
Editora: Asa (2014)

Sinopse:

Ah, o Natal! Gemma Doyle está desejosa das férias fora da Academia Spence, de passar o tempo com as amigas na cidade, de ir a bailes elegantes e, numa nota sombria, de cuidar do pai doente. Quando se prepara para entrar no Ano Novo de 1896, um jovem bonito, Lorde Denby, parece estar interessado em conquistar Gemma. No entanto, no meio das distrações de Londres, as visões de Gemma intensificam-se - visões de três raparigas vestidas de branco, a quem algo terrível aconteceu, algo que só os reinos podem explicar...
A atração é forte, e em pouco tempo, Gemma, Felicity e Ann estão a transformar flores em borboletas no mundo encantado dos reinos a que só Gemma pode levá-las. Para grande alegria delas, a sua querida Pippa também está lá, ansiosa por completar o círculo de amizade.
Mas nem tudo está bem nos reinos - ou fora dele. O misterioso Kartik reapareceu, dizendo a Gemma que ela deve encontrar o Templo e vincular a magia, ou algo terrível irá acontecer-lhe. Gemma está disposta a fazer-lhe a vontade, apesar dos perigos que isso acarreta, pois isso significa que irá encontrar-se com a maior amiga da sua mãe - e agora sua inimiga, Circe. Até Circe ser destruída, Gemma não pode viver o seu destino. Mas encontrar Circe revela-se uma tarefa muito perigosa.

Opinião:

Fiquei muito feliz por saber que a colecção 1001 Mundos não tinha desistido da trilogia "Gemma Doyle", de Libba Bray. Depois de Uma Grandiosa e Terrível Beleza, que foi publicado em Portugal em 2011, heis que finalmente surge o segundo volume desta história, Anjos Rebeldes. Queria muito saber como esta história iria desenvolver, afinal, apesar de ter encontrado alguns pontos mais fracos no primeiro livro, também percebi que havia muito por onde explorar. Felizmente estava certa e este volume mostrou-se muito superior e mais envolvente.

Se no primeiro volume podia ter ficado a ideia de que se estava perante uma história simples, que explorava as relações entre raparigadas e que misturava a sociedade do Reino Unido do século XIX com magia e fantasia, agora percebe-se que esta trilogia é muito mais do que isso. Anjos Rebeldes apresenta tarefas duras, faz duvidar de personagens que até então foram tomadas como certas, explora as convenções de uma sociedade cheia de regras, mostra que as pessoas são resultados das suas experiências, leva a perceber que todos têm os seus segredos e ainda revela as consequências de nos apegarmos a algo que deveria ser largado.

Estou impressionada com a evolução de Gemma. Esta é uma protagonista em evolução que deixou de ser uma menina mimada para ser uma jovem com uma personalidade interessante e que já aceita as suas diferenças. Gostei do facto de a relação de Gemma com a sua família ter sido mais explorada. O amor que ela tem pelo pai e a dor que sente por o ver em situações mais degradantes é fácil de identificar e de louvar. A relação com o irmão está bem conseguida na medida em que equilibra o companheirismo com os conflitos que habitualmente se encontram nestas ligações.

O grupo de amigas de Gemma apresentou uma evolução natural mas que, em certos momentos, me fez ficar reticente. Felicity continua a ser uma jovem ambiciosa e ousada, mas muitas vezes fiquei com a sensação de que a sua relação com Gemma existia mais por interesse, o que não me permitiu confiar plenamente nela. Gostei da explicação para as suas atitudes e confesso que nem sempre sei o que pensar sobre ela. Ann pode parecer uma rapariga aborrecida, pessimista e resignada, mas fiquei com a ideia de que também é invejosa, egoísta e demasiado lamurienta. Apresentar estas características negativas não tem a intenção de criticar as personagens mas sim de admitir que fiquei surpreendida por ambas parecerem tão humanas e reais. Fico grata por não serem perfeitas e por me fazerem ter tantas dúvidas quanto a elas e por tornarem o livro mais complexo. Estou curiosa para saber o que vai ser de Felicity e Ann no livro final.

Já sabem que não sou grande fã de triângulos amorosos, mas isso acontece por ver que a maior parte cai em lugares comuns, tem pouca consistência e são previsíveis. Em Anjos Rebeldes surge um triângulo amoroso que, felizmente, não foi o ponto central da narrativa, e revelou-se bastante interessante. Já se sabia que Gemma tinha sentimentos pouco definidos por Kartik, mas agora também surge Simon. E felizmente nada disto parece forçado. Afinal, Gemma é uma jovem e os seus interesses surgem com naturalidade. É fácil perceber Kartik a cativa pela afinidade e cumplicidade, enquanto Simon parece corresponder a todos os desejos de uma jovem da época e é símbolo de estabilidade. A forma como a história desenvolve leva a escolher lados, e, no final, fica a sensação de que se tomaram as melhores opções.

O encadeamento dos acontecimentos está bem conseguido na medida em que flui com naturalidade. Tudo é explicado ou inserido num contexto plausível, o que faz com que surja a sensação de que algo foi forçado. Apreciei o facto de a maior parte da acção ser passada em Londres, o que em oposição ao espaço do colégio de Spence fornece mais possibilidades. O mundo mágico é mais explorado. Gostei de conhecer novos seres, de ver mitologia e lendas envolvidas mas fiquei com a sensação de que existe muito mais por onde ir.

Fiquei rendida a Anjos Rebeldes. Sempre que conseguia pegava neste livro para descobrir o que ia acontecer a Gemma e que mais mistérios iam ser desvendados. Quando cheguei à última página, senti que um ciclo desta trama tinha terminado, mas que, ao mesmo tempo, estava a ser preparado um desafio muito maior que irá ser apresentado no derradeiro livro desta trilogia. Por isso, fica a sensação de que o objectivo deste livro foi cumprido e fica também a vontade de que a conclusão da trilogia não demore muito a chegar.

Outras opiniões de livros de Libba Bray:
Uma Grandiosa e Terrível Beleza (Gemma Doyle #1)
Os Adivinhos (Os Adivinhos #1)

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