segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Opinião: O Nadador

Título original: Simmaren (2013)
Autor: Joakim Zander
Tradução: João Reis
ISBN: 9789896722708
Editora: Suma de Letras (2014)

Sinopse:

Um thriller viciante que não poderá parar de ler. Damasco. Uma noite quente no princípio dos anos 80. Um agente americano entrega a sua bebé a um destino incerto, uma traição que jamais se perdoará e que será o começo de uma fuga de si próprio. Até ao dia em que não pode continuar a esconder-se da verdade e se vê obrigado a tomar uma decisão crucial. Trinta anos depois, Klara Walldéen, uma jovem sueca que trabalha no Parlamento Europeu, vê-se envolvida numa trama de espionagem internacional na qual está implicado Mahmoud Shammosh, o seu antigo amante e ex-membro das forças especiais do exército sueco. Klara e Mahmoud transformam-se no alvo de uma caçada através da Europa, um mundo onde as fronteiras entre países são tão ténues como a linha que separa um aliado de um inimigo, a verdade da mentira, o passado do presente

Opinião:

O Nadador é um thriller sobre espionagem. Joakim Zander inspirou-se nos conflitos armados mais atuais para escrever esta história que explora temas como abusos e jogos de poder, sadismo, perda e amor. O resultado é uma trama que nos leva a pensar sobre o que representa uma vida, no quanto é escondido pelas forças armadas e ainda sobre a influência do dinheiro.

Entrar nesta história não é algo que é feito de forma automática. Existem diferentes pontos de vista que são apresentados com alguma rapidez e, numa primeira análise, podem parecer não ter nada em comum. Isso gera alguma confusão, pois torna-se necessário perceber o que cada um expõe e ainda como tudo se liga. Com o decorrer da leitura essa tarefa torna-se mais simples e finalmente existe um maior ritmo. O facto de os capítulos serem curtos e intercalarem os pontos de vista ajuda a aumentar a rapidez na leitura.

Apesar dos diferentes pontos de vista, existe um que se destaca. Refiro-me ao de Klara Walldéen, uma jovem mulher que conquistou um cargo respeitável e que se vê envolvida numa intriga que não compreende. Apesar de inicialmente parecer que ela não tem qualquer ligação com o que está a acontecer, é impossível não reparar que tudo se move à volta desta personagem. Contudo, não consegui sentir grande empatia por ela, que sempre me pareceu distante e pouco coerente. Isto fez com que não me sentisse entusiasmada com o que lhe acontecia.

Existe uma grande vontade de perceber quem é a personagem que dá o título ao livro. A tarefa de o identificar não é difícil, mas fica sempre a sensação de que se sabe pouco sobre este homem. As revelações que acontecem ao longo do livro vão compondo a personagem, sendo possível chegar à conclusão que se trata da figura mais complexa de toda a obra. É interessante verificar que os seus capítulos são os únicos que estão narrados na primeira pessoa, o que dá uma noção de maior proximidade.

A trama desenrola-se por diferentes cenários, para os quais somos transportados com facilidade. Desde uma Bruxelas muito civilizada, a uma pacata ilha sueca e a um terrível campo de batalha, o autor consegue deixar bem patente os diferentes climas através de descrições bem conseguidas.

A conclusão pareceu-me abrupta. Ficaram alguns aspectos por rematar, o que faz com que o final se torne insatisfatório. O próprio problema que entretanto é revelado ficou a carecer de maior exploração. As soluções encontradas para alguns problemas pareceram-me demasiado fáceis, o que me levou a não acreditar que tal fosse possível no mundo real. Para além disso, há a sensação de que ficou muito por fazer e dizer, o que faz com que as personagens tenham ficado com assuntos pendentes.

Estava à espera de ficar mais entusiasmada com a acção deste livro, mas tal não aconteceu. O Nadador tem uma boa trama, mas não consegui ligar-me às personagens. Isto fez com que me interessa-se pelo que deveria ser desvendado, mas não tanto pelo que acontecia às figuras centrais da narrativa. Uma história que tem pontos de interesse, mas que, para mim, não alcança o mesmo entusiasmo que outras obras do género.

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