terça-feira, 25 de agosto de 2015

Opinião: Amor Cruel

Título Original: Ugly Love (2014)
Autor: Colleen Hoover
Tradução: Duarte Sousa Tavares
ISBN: 9789898800572
Editora: TopSeller (2015)

Sinopse:

Tate é enfermeira e muda-se para São Francisco, para casa do irmão Corbin, para estudar e trabalhar. Miles é piloto-aviador e mora no mesmo prédio de Corbin. Depois de se conhecerem de forma atribulada, Tate e Miles acabam por se aproximar e dar início a uma relação exclusivamente física. Para que esta relação exista, Miles impõe a Tate duas regras:
«Não faças perguntas sobre o meu passado. Não esperes um futuro.»
Tate aceita o desafio de manter uma relação distante, sem nenhum compromisso, nem sequer o da amizade. A relação alimenta-se assim da atração mútua entre os dois.
Miles nunca fala de si nem do seu passado, e comporta-se perante Tate de acordo com as regras que ele definiu. Será Miles capaz de desvendar o que se esconde por detrás desta necessidade tão grande de se distanciar emocionalmente dos outros?
E poderá algo tão cruel transformar-se numa relação bonita e duradoura?

Opinião:

Não tinha grande vontade de pegar num outro livro de Colleen Hoover depois de não ter ficado nada impressionada com Um Caso Perdido, mas vi tantas opiniões positivas quanto a Amor Cruel que decidi dar uma nova oportunidade à autora. Pois aviso já que foi a segunda e última.

Comecei a leitura a acreditar em vários comentários que li e que afirmavam que a trama era forte, que os sentimentos estavam bem desenvolvidos, que as relações entre persongens eram de fazer suspirar e de que havia uma boa reviravolta. Pois eu não vi nada disso ao longo de todas estas páginas. Eu que eu li foi uma história parecida a tantas outras e repleta de clichés.

Tate, a protagonista, não tem uma personalidade que a faça destacar. Ela é muito básica: boa miúda, filha de uma família estável, jovem, trabalhadora, defensora dos fracos e oprimidos, tem os seus momentos típicos femininos de mau humor que apenas servem para criar cenas mais interessantes e entrega-se totalmente quando apaixonada. Ou seja, é a protagonista típica, feita de forma a que todos gostem dela uma vez que é difícil encontrar-lhe qualquer defeito. Até aqui, nada de novo.

Então e Miles, o interesse amoroso de Tate? Ora, ele é misterioso, dono de um físico e aparência de fazer todas as mulheres perderem a cabeça, casmurro ao início mas tremendamente cativante. Com o tempo, revela-se protetor, com bons valores, dono de um segredo obscuro mas que quando revelado apenas irá demonstrar o quanto ele é um bom partido, tem uma profissão que dá dinheiro e impressiona e, além disso, é intenso em tudo o que faz. Conclusão: igual a tantas outras personagens masculinas destes tipos de livros.

Ponto da situação. até agora temos duas personagens cuja descrição pode pertencer a casais de muitos outros livros. Então e a forma como a relação começa? Bem... sinceramente não percebi. A primeira impressão que a Tate teve de Miles não foi propriamente a melhor. Pode-se dizer que só o físico a agradava. Mas de um momento para outro ela ficou toda doida com ele. E além disso, não se percebe porque razão o Miles se interessou pela Tate. Nunca é apontada uma razão plausível e o seu passado amoroso também não ajuda a entender porquê a Tate e não outra qualquer. Afinal, ele só queria uma relação física e sem sentimentos e talvez tivesse sido melhor meter-se nisso com alguém que não fosse irmã de um amigo seu.

O desenrolar da ação é feito de forma pouco surpreende. A autora narra a trama principal sob o ponto de vista de Tate. Contudo, existem alguns capítulos que são narrados por Miles e que relatam momentos do seu passado e, assim, ficamos a saber o que lhe aconteceu. Estes momentos têm o objetivo de serem reveladores e de intensificarem o mistério da leitura, mas a verdade é que me irritaram. É que a autora escolher mostrar que ele é uma figura "profunda", "cheia de sentimentos" e com um passado problemático ao inspirar-se no estilo poético. Ou seja, os capítulos narrados por Miles têm o texto centrado na página e estão cheios de muitas, inúmeras, incontáveis repetições. Isso deixou-me imensamente aborrecida e só me fez vê-lo como alguém completamente chato e melodramático. E deixem-me que vos diga que o passado dele não é assim tão surpreende. É bastante previsível e em certos momentos parece irreal.

Quanto mais penso neste livro, menos o percebo. Percebe-se que a autora tinha a intenção de explorar diversas emoções e sentimentos que estão ligados às relações humanas ao mesmo tempo que contava uma história de amor. mas aquilo que conseguiu foi algo pouco interessante, aborrecido, superficial e por vezes até absurdo. E não gostei da relação entre Tate e Miles. Não é nada inspiradora e em por vezes chega mesmo a ser desrespeitadora.

Por tudo o que foi escrito, peço-vos um favor: se daqui a uns bons tempos eu tiver um problema de memória e vocês me virem a pegar num livro desta autora, façam-me reler esta opinião. Ficar-vos-ei bastante grata! Acredito que este é um livro que pode fazer sucesso junto de quem gosta do estilo e o queira ler por diversas vezes e em diferentes versões. Não condeno isso, eu própria tenho as minhas tendências literárias e sei que muitas vezes estou a ler conceitos semelhantes e que mesmo assim me cativam. Contudo, já está mais do que percebido que romances ao estilo de Amor Cruel não são para mim.

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