segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Opinião: A Hora Solene (Freelancer #3)

Autor: Nuno Nepomuceno
ISBN: 9789897060021
Editora: TopBooks (2015)

Sinopse:

Numa fria noite de tempestade, um homem é esfaqueado e deixado abandonado no meio de uma rua de Londres. A poucos quilómetros de distância, um procurado terrorista de nome O Gótico entrega-se voluntariamente aos serviços de inteligência britânicos. Ao mesmo tempo, um avião sofre um violento atentado sobre os céus da Irlanda, enquanto um surpreendente vídeo é entregue na redação de uma famosa cadeia de televisão. A intriga acentua-se quando um milionário começa a ser alvo de extorsão. Bem no centro destes acontecimentos que aparentemente nada têm em comum, está André Marques-Smith. Importante funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o espião português lança-se numa demanda impossível pela verdade. Mas não está sozinho. Foragidos, dois antigos colegas regressam e revelam ao mundo tudo o que está por detrás do Projeto Lebodin. E há ainda uma mulher. Em parte incerta, esta misteriosa espia de feições orientais poderá ser a chave de todo o mistério. Mas que explicação haverá para o seu desaparecimento? Conseguirão os dois agentes alguma vez ficar juntos? Através de uma viagem frenética por entre os deslumbrantes cenários reais de Londres, Hong Kong, Macau, Praga, Belize, Moscovo e Lisboa, as missões multiplicam-se, os disfarces sucedem-se. Questões sobre ética, moral, família e o valor da vida humana são levantadas. E uma teia de meias-verdades, ilusões, e complexas relações interpessoais é finalmente desvendada no capítulo final de uma série que já estabeleceu novos patamares para a ficção nacional.

Opinião:

Fiquei feliz e entusiasmada quandosoube que o último volume da trilogia Freelancer ia ser publicado ainda este ano. Rendida aos dois livros anteriores, O Espião Português e A Espia do Oriente, perguntava-me quando teria a oportunidade de conhecer o que Nuno Nepomuceno tinha reservado para André Marques-Smith e todas as outras personagens. Felizmente A Hora Solene chegou mais cedo do que imaginava e melhor ainda: é um livro que agarra do início ao fim!

O segundo volume da trilogia acabou de uma forma completamente inesperada, por isso, assim que comecei a leitura de A Hora Solene, desejava ter uma resposta rápida: o que aconteceu a André? Mas o autor sabia que esta era uma resposta muito ansiada e, como tal, decidiu brincar com a trama e não  fez descobrir imediatamente o que realmente tinha sucedido. Isto fez com que iniciasse uma leitura frenética e, em vez de me deparar logo com a resposta, dei por mim a voltar a entrar no mundo do crime organizado e da espionagem. E que emocionante que isso é!

Como aconteceu nos volumes anteriores, li com vontade e rapidez. O ritmo dos acontecimentos é alucinante e o encadeamento dos momentos está bem executado. Quando parecia que a principal organização criminosa já tinha sido desmantelada, heis que surge O Gótico, que revela uma ambição desmedida. E se é verdade que se trata de um grupo composto por poucos sujeitos, sendo a maior parte destas figuras já nossas conhecidas, o autor surpreende com novas personagens cujo aparecimento ninguém fazia prever.

O desenvolvimento das personagens está bem conseguido. Gostei da forma como André acaba por se tornar mais forte, sendo agora capaz de perdoar com maior facilidade, de ultrapassar os desgostos do passado e de lutar pelo que acredita ser bom e verdadeiro. Além disso, ele é um exemplo de que a família é construída com base no amor e que isso nem sempre significa uma ligação de sangue. Nota-se que é uma figura em evolução. Só gostaria que aspectos ligados à sua saúde tivessem sido mais explorados.

Gostaria que Anna tivesse maior destaque neste volume. Tem um papel importante, mas poderia ter sido mais explorada. Além disso, há uma explicação que ela tem de dar que acaba por ser omitida e eu preferia ter assistido a esse momento. Adorei que o autor tivesse feito regressar A Diva, pois é uma figura que proporciona sempre momentos divertidos. Também gostei da forma como o Ministro dos Negócios Estrangeiros português desenvolveu, poir acabou por se tornar numa figura amável, mas também caricata. Já Sara comtinua a ser uma amiga e confidente para o nosso herói, e acredito que também ela daria uma boa protagonista de uma série de espiões.

A trama desenrola-se com perícia e momentos de grande adrenalina. Gosto da forma como a vida privada de André se intercala com a sua profissão oficial e o seu papel de espião, o que nos faz vê-lo como alguém mais próximo e completo. É graças a isso que o livro tem momentos tão diferentes, e é com grande talento que eles se unem de forma credível e proporcionam uma leitura interessante. Os momentos de ação não são confusos e fazem sentido, e as fases fora de missão têm sempre componentes atrativas, o que faz com que não sejam considerados demasiado paradas. E as breves revelações do passado dão mais força ao que está a acontecer na linha de tempo principal.

Antes de dar por terminada esta opinião, quero elogiar a iniciativa do autor ao promover este seu livro. Se acompanham a página de Facebook do blogue (aqui), perceberam que durante algum tempo recebi umas cartas muito misteriosas. Pois bem, tratou-se de uma ideia divertida do autor de dar a conhecer a publicação deste livro. Adorei sentir-me envolvida neste projeto que, acredito, suscitou a curiosidade de muitos. Além disso, estou muto grata ao Nuno pelas palavras que me deixou a mim e a muitos bloggers nos agradecimentos. Foi um prazer acompanhar estes três livros e ajudar na divulgação. Afinal, só o fiz e faço porque está é uma trilogia de qualidade!

Foi com um misto de alegria e tristeza que cheguei à última página de A Hora Solene. O final está bem conseguido, apesar de deixar ainda algumas pontas soltas, e é emocionante. Porém, é sempre com tristeza e uma sensação de nostalgia que digo adeus a personagens que me cativaram. Este é um volume que fecha com chave de ouro uma trilogia intensa, cativante e repleta de grandes emoções. Claro que recomendo!

Outras opiniões a livros de Nuno Nepomuceno:
O Espião Português (Freelancer #1)
A Espia do Oriente (Freelancer #2)

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