quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Opinião: O Último Adeus

Título Original: The Lake House (2015)
Autor: Kate Morton
Tradução: Carla Melo
ISBN: 9789896650148
Editora: Suma de Letras (2015)

Sinopse: 

Numa majestosa casa de campo inglesa um miúdo desaparece sem deixar rasto durante a festa do solstício de Verão. Apesar da exaustiva investigação policial não se encontra rasto algum. A família do miúdo, desfeita e desesperada, faz as malas, fecha as portas e regressa a Londres para nunca mais voltar. Setenta anos depois a inspectora de polícia londiniense Sadie Sparrow, de visita na casa de seu avô em Cornualha, saí a correr pelo bosque e encontra uma mansão abandonada. Espreita através de uma janela e sente que alguma coisa terrível aconteceu nessa casa. Agora, cheia de curiosidade, esta decidida a descobrir que é o que aconteceu.

Opinião:

O Último Adeus, de Kate Morton, revela-nos uma família através de várias gerações. Um misterioso e triste desaparecimento no passado é o mote para o início da narrativa. Desde logo senti vontade de conhecer cada figura daquela família e descobrir o que realmente aconteceu ao pequeno Theo. Felizmente a autora deu todas as respostas de uma forma emocionante e cativante.

Desde já quero enaltecer a capacidade de Kate Morton de criar personagens ricas, complexas e muito humanas. É impossível não sentir empatia por todas as figuras que surgem e que vão sendo desvendadas. Adoro o facto de, ao início, ser apresentada a imagem que cada uma destas personagens passa, sendo que ao longo da leitura é possível descobrir as várias camadas que compõe cada uma até se perceber quem elas realmente são.

Fiquei muito surpreendida com Eleanor e Alice, duas mulheres criadas de forma excecional. A primeira começa por dar a sensação de mulher rígida e pilar de uma família, mas no momento em que ficamos a conhecer a sua infância e juventude é impossível não se ficar cativado por ela. É o exemplo de uma pessoa que tem de se tornar em algo diferente para o bem daqueles que ama. Já Alice é uma verdadeira delícia, tanto enquanto escritora respeitada por todos como enquanto menina cheia de sonhos e a viver o primeiro amor.

O desenrolar da trama está feito de uma forma que agarra. É verdade que o livro é longo, com mais de 600 páginas, mas é lido com rapidez e grande vontade. A autora faz-nos acompanhar a investigação de uma polícia que está a enfrentar um momento problemático na sua carreira e, tal como ela, também nós tentamos juntar as pistas para descobrir o que aconteceu a Theo. Somos levados para vários caminhos, chegamos a acreditar que já encontrámos a solução para logo de seguida percebermos que fomos induzidos em erro. A verdade só é alcançada perto do final e é uma boa surpresa.

O tema central desta obra acaba por ser as relações familiares, o que, em certos pontos, acaba por nos levar a rever em alguns momentos. Mas além disso, Kate Morton explora ainda as dimensões do amor, a evolução pessoal, a abnegação e ainda faz uma chamada de atenção para as consequências psicológicas da guerra para os combatentes.

O ponto mais fraco do livro acaba por ser o final. Não que não tenha gostado da forma como tudo foi resolvido, mas sim pelo facto de me ter parecido que as explicações foram dadas com demasiada rapidez. Gostaria de que o momento da grande revelação fosse mais lento e de ter ficado a conhecer melhor como certos problemas acabaram por ser resolvidos. Também teria preferido que o título estivesse mais próximo do original, pois este parece-me muito genérico.

Fiquei muito bem impressionada com esta história que se desenrola em épocas diferentes. Kate Morton consegue fazer-nos viajar no tempo e, ao mesmo tempo, levar-nos a ter uma forte ligação com as suas personagens. O Último Adeus é um romance que irá fazer as delícias de todos os que procuram um bom mistério dentro de um drama familiar. Recomendo.

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