domingo, 3 de janeiro de 2016

Opinião: A Manopla de Cobre (Magisterium #2)

Título Original: The Copper Gauntlet (2015)
Autor: Holly Black e Cassandra Clare
Tradução: Catarina F. Almeida
ISBN: 9789896577100
Editora: Planeta (2015)

Sinopse:

As férias de Verão de Callum Hunt não são como as dos outros miúdos. O companheiro de todos os dias é Ruína, um lobo Refém do Caos. O pai desconfia que ele é secretamente mau. A vida não é fácil para Call... e torna-se ainda mais difícil no dia em que decide ir à cave de casa e descobre que o pai poderá estar a tentar destruí-lo a ele e a Ruína.

Opinião:

Se A Prova do Ferro apresentou um mundo novo que me conseguiu cativar, A Manopla de Cobre prova que esta é uma saga que tem muito por onde crescer e que promete continuar a surpreender. É verdade que se tratam de livros destinados a um público mais jovem, mas a intriga, as reviravoltas, as personagens e a magia não vão deixar os leitores mais experientes indiferentes.

Holly Black e Cassandra Clare, as autoras, voltam a provar que trabalham bem em conjunto. Enquanto no primeiro volume se percebia que iria acontecer uma batalha entre o bem e o mal, agora estes conceitos não estão tão bem definidos. Revelações levam Call, o protagonista, a questionar a sua verdadeira natureza e o papel que poderá ter no desenrolar dos acontecimentos. Assiste-se a uma sucessão de dilemas morais sobre a natureza humana e verdadeira força da amizade, o que nos permite perceber que os jovens que conhecemos em A Prova do Ferro estão a crescer.

Call está diferente. Felizmente já não parece um menino que tenta marcar a sua posição através de atitudes irritantes. Agora, ele sente afeição por outros e, ao mesmo tempo, teme que os possa prejudicar ainda que involuntariamente. Isto permite perceber que ele é uma personagem mais complexa do que se previa ao início e que está em evolução. Neste volume, o foco está totalmente voltado para ele e, apesar de nem sempre concordar com algumas das suas escolhas, confesso que gostei de o acompanhar.

Tamara e Aaron, os amigos de Call, também estão de regresso. Apesar de serem uma presença constante ao longo do livro, eles parecem menos relevantes, talvez devido às dúvidas que assombram o protagonista e que nos fazem querer estar mais perto dele. Como tal, não é possível verificar alterações tão fortes neles como aconteceu com o nosso herói. Contudo, fiquei muito satisfeita com a exploração de uma outra personagem, pois mostrou-nos quem as pessoas nem sempre são o que aparentam e que, às vezes, mascaram as suas fraquezas e angústias com uma capa de arrogância e altivez.

Os elementos do passado voltam a ser bastante relevantes para a trama. Gostei disso, pois aprecio quando uma história tem uma base forte e que justifica o que está a acontecer. Porém, também achei que existem alguns elementos que carecem de maior explicação, já que parecem não ligar bem. Mas apesar de tudo, não deixa de ser interessante perceber as consequências de um determinado evento.

Os elementos relacionados à magia voltam a ser uma aposta forte. Acho interessante a ideia de a magia estar ligada a forças que são naturais e de que cada lado desta arte encontra um oposto. Os nossos heróis evoluíram nesta prática, mas não se percebe bem como, já que a parte da escola e das aulas foi largada para um plano secundário. Como tal, senti falta da parte de evolução académica, algo que deveria ser um ponto mais explorado.

O final de A Manopla de Cobre está bem conseguido. Deixa vontade de continuar a ler a saga, mostra que certas atitudes podem esconder a vontade de praticar um bem maior e que somos nós quem escolhemos e definimos o nosso destino. Além disso, percebe-se que a amizade pode ser encontrada onde menos se espera. É um livro com falhas, sim, mas é uma livros que diverte, nos leva para um outro mundo e nos faz sonhar com algo maior ao mesmo tempo que nos mostra que o poder de fazer a mudança está em nós.

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