terça-feira, 2 de agosto de 2016

Opinião: A Maldição do Vencedor (#1)

Título Original: The Winner's Curse (2014)
Autor: Marie Rutkoski
Tradução: João Quina Edições
ISBN: 9789898843401
Editora: TopSeller (2016)

Sinopse: 

Kestrel, jovem filha do poderoso general de Valoria, tem apenas duas opções: alistar-se no exército ou casar-se. Ela tem, no entanto, outras aspirações e procura libertar-se do seu destino, rebelando-se contra o pai. Num passeio clandestino pela cidade, Kestrel vai parar a um leilão de escravos, onde se depara com um jovem, Arin, que parece querer desafiar o mundo inteiro sozinho. Num impulso, ela acaba por comprá-lo — por um preço tão alto, que a torna alvo de mexericos na sociedade. Arin pertence ao povo de Herrani, conquistado dez anos antes pelos Valorianos. Além de ser um ferreiro exímio, revela-se também um cantor extraordinário, despertando a curiosidade de Kestrel. Arin, contudo, tem um segredo, e Kestrel não tardará a descobrir que o preço que pagou por ele poderá custar muito mais do que aquilo que alguma vez imaginara.

Opinião:

Marie Rutkoski apresenta-nos A Maldição do Vencedor, o primeiro livro de uma trilogia. Apesar de ser uma obra que se encontra inserida no género fantástico, não pensem que vão nela encontrar vestígios de magia ou aparições de criaturas extraordinárias. Trata-se sim de uma história que acontece num mundo diferente do nosso e, por isso, tem também sociedades novas e culturas distintas.

Senti-me imediatamente confortável neste universo que parece ter uma forte inspiração clássica, pelo menos na estrutura. Percebemos que existem dois povos que coexistem, sendo um deles dominante e o outro escravizado. É esta relação que serve de cenário e base a toda a trama e está aqui uma grande parte do encanto desta leitura. Adorei o contraste entre culturas e não deixei de reparar que o domínio de uma por outra reflete bem o que aconteceu tantas vezes. A força bélica e a vontade de conquistar  sobrepõe-se à cultura, arte e conhecimento, mas estes últimos conseguem resistir e, em certas situações, até mesmo reverter a situação.

A sociedade apresenta toques de outras eras, mais modernas e, por isso, com valores mais próximos dos actuais, tais como no que toca ao papel da mulher na sociedade. Isso entende-se perfeitamente através de Kestrel, a protagonista. Filha de um homem poderoso e influente, ela é muito senhora de si. Adorei a sua personalidade, que alia uma mente analítica e muito inteligente a um grande coração que é capaz de ver para além dos estereótipos criados pela sociedade.

Foi impossível não ficar deliciada com os estratagemas de Krestel, quer seja para se livrar de uma situação mais complicada como para ajudar o pai ou até mesmo para conseguir obter aquilo que deseja. Os planos da protagonista criavam reviravoltas que me mantinham agarrada ao livro e, no final, criam uma situação inesperada e que promete um próximo volume ainda mais arrebatador. Mas, existem momentos em que Krestel deixa-se levar pelos seus sentimentos e é por isso que acaba ligada a Arin, a outra figura principal da trama.

Arin é mais misterioso, pois não percebemos quem ele é e quais as suas intenções. Quando reveladas estas informações, tudo faz sentido, e torna-se difícil perceber por quem deveria estar a torcer. Enquanto Krestel parece mais racional, Arin é, sem dúvida, uma figura emocional. Ele deixa transparecer, com facilidade, as suas emoções, sendo fácil sentir empatia por ele. A sua dor e revolta estão bastante presentes e em todos os momentos em que ele surge. Porém, gostaria de ter maior conhecimento sobre o que lhe aconteceu após a ocupação do povo valoriano.

Como seria de esperar, Krestel e Arin acabam por ter uma forte ligação. Faz sentido que tal aconteça, mas esta componente de romance acaba por dominar uma grande parte do livro. Apesar de tudo, ainda me custa um pouco perceber o que leva duas pessoas tão diferentes e educadas de forma distinta a nutrirem tal sentimento e tão rapidamente. Preferia que o amor proibido tivesse um papel menor, que fosse surgindo aos poucos ao longo da trilogia, e que tivesse sido dado maior destaque aos esquemas políticos e de guerrilha.

A leitura deste livro é feita com rapidez e, no final, fica a vontade de pegar logo no volume que se segue. A história contada a duas vozes está bem conseguida e faz-nos acreditar que poderia ter acontecido. A Maldição do Vencedor correspondeu às expectativas e faz pensar sobre confiança, amizade, família e em como somos o produto da sociedade e cultura em que nascemos. É a leitura certa para quem gosta de conhecer novos mundos, narrativas jovens e surpreendentes. Recomendo.

1 comentário:

mary disse...

Tenho tanta curiosidade neste livro!! mas pensei que tinha elementos mágicos e fantásticos... oh :(
De qq forma, não será isso que me impedirá de o ler :)

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