segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Opinião: A Torre de Espinhos (Blackthorn & Grim #2)

Título Original: Tower of Thorns (2015)
Autor: Juliet Marillier
Tradução: Catarina F. Almeida
ISBN: 9789896577827
Editora: Planeta (2016)

Sinopse:

Para Blackthorn e Grim, o regresso à vida tranquila na pequena quinta à beira da Floresta dos Sonhos nunca poderia durar muito. Escassas semanas passaram desde que o mistério do Lago dos Sonhos foi resolvido e já um novo desafio paira no horizonte.O príncipe de Dalriada recebeu um pedido de ajuda da parte de Geiléis, a Senhora de Bann, cujas terras medram sob a força de uma estranha maldição.
Uma criatura sem nome instalou-se na velha torre que se ergue numa ilha do rio Bann e, do nascer ao pôr-do-sol, os seus gritos incessantes impedem o gado de crescer, secam os campos e a vontade dos homens e instalam a semente da loucura nos espíritos mais sãos.
Cercada de espinhos venenosos, a misteriosa torre encerra um segredo secular. Caberá a Blackthorn e Grim mergulharem nas trevas de um amor impossível e libertarem o povo de Bann do coração tempestuoso de uma rainha do Povo Encantado.
Pelo meio, a curandeira e o seu companheiro terão de enfrentar o silêncio de quem sabe e atravessar uma teia de mentiras urdida ao longo de vários séculos.
Quem será o estranho habitante da Torre de Espinhos? Um homem, um monstro? Uma força destruidora ou apenas uma vítima? No fim, o amor será a única redenção.

Opinião:

Os livros de Juliet Marillier marcam pela diferença. Quando se começa a ler um, sente-se logo a marca da autora. E isso não acontece apenas devido aos temas místicos e fantásticos e às épocas que retratam. Deve-se também ao facto de se sentir que se está perante um história que é contada de uma forma muito bela, independentemente de conter momentos mais felizes e incríveis ou outros de grande horror. Ou não fosse Juliet Marillier uma criadora de contos de fadas para adultos.

Foi com grande gosto que voltei a acompanhar as aventuras de Blackthorn e Grim. Fiquei cativada com o primeiro volume da série, O Lago dos Sonhos (ver opinião aqui) e queria muito saber que novos desafios se iriam atravessar no caminho das duas personagens centrais desta coleção. Felizmente, A Torre de Espinhos é uma continuação de grande valor, que apresenta uma narrativa nova e intrigante e que ainda consegue explorar outros lados das figuras centrais.

Blackthorn, a líder desta dupla, mantém-se fiel à apresentação que lhe foi feita no primeiro volume. Dá a entender a quem a rodeia de que é uma mulher forte e inabalável, mas a verdade é que as suas fragilidades estão muito presentes. Profundamente magoada pelo passado, é compelida a viver para além dele, mas nunca o esquece. Como tal, quando uma certa proposta surge, é possível constatar as muitas duvidas que a assaltam, assim como se verifica o seu espírito de sacrifício para honrar quem já desapareceu. As suas decisões nem sempre vão ao encontro do que desejei e, por isso, muitas vezes senti vontade de entrar nas páginas do livro para a tentar convencer do contrário.

Da dupla de protagonistas, a figura que mais me cativou neste volume foi Grim. É que se no primeiro livro da série ficámos a conhecer a história de Blackthorn, agora é a vez de desvendar o passado de Grim. Confesso que fui surpreendida pelas revelações que foram feitas ao longo da trama. Este é um homem que também esconde a sua verdadeira personalidade. Porém, quando ultrapassadas as barreiras criadas pelo seu silêncio e distanciamento, é possível verificar o seu grande coração e passar a admirá-lo. Os seus momentos e capítulos acabaram mesmo por serem aqueles que mais me prenderam à leitura.

O mistério a ser desvendado por Blackthorn e Grim está muito bem conseguido. Geiléis é realmente uma personagem misteriosa, e mesmo os capítulos que são contados do seu ponto de vista não deixam logo perceber o que realmente está a acontecer em Bann. Só aos poucos e poucos, conforme ela vai contando uma certa história, é que todas as peças desta enigma se vão encaixando até, finalmente, ficarmos com uma visão completa dos perigos a serem enfrentados. E mesmo assim, é bom saber que até no final existem surpresas que nos impelem para uma leitura entusiasmante.

Os dilemas morais das personagens e as duas dificuldades interiores são ultrapassadas ao mesmo tempo que um perigo real e externo é desvendado. Desta forma, magia e dramas reais surgem entrelaçados de uma forma tão bela que nos fazem acreditar em seres místicos da floresta e em maldições. O início da leitura pode ter alguns problemas, ser lento, mas o avançar da trama acaba por agarrar e por apresentar uma história forte.

A Torre de Espinhos é uma continuação que vai agradar aos leitores que apreciaram o primeiro volume desta saga. Juliet Marillier prova que regressou às tramas mais adultas, mas sem nunca deixar de abordar os ambientes e os temas que tanto cativaram noutras publicações de sua autoria. Estou ansiosa por ter nas mãos o próximo livro da saga para ver que novas aventuras irão surgir e para descobrir mais sobre a evolução dos dois protagonistas, figuras que já estão entre as mais emblemáticas desta contadora de história de que eu tanto gosto.

Outras opiniões a livros de Juliet Marillier:
A Filha da Floresta (Sevenwaters #1)
O Filho das Sombras (Sevenwaters #2) 
A Filha da Profecia (Sevenwaters #3)
A Vidente de Sevenwaters (Sevenwaters #5)
A Chama de Sevenwaters (Sevenwaters #6)
Sangue-do-Coração
Shadowfell (Shadowfell #1)
O Voo do Corvo (Shadowfell #2)
A Voz (Shadowfell #3)
O Lago dos Sonhos (Blackthorn & Grim #1)

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