quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Opinião: Magia de Vidro (#2)

Título Original: The Glass Magician (2014)
Autor: Charlie N. Holmberg
Tradução: Sónia Maia
ISBN: 9789898853172
Editora: Estação Imaginária (2017)

Sinopse:

Ceony Twill está a caminho de se tornar uma Dobradora. Mas, nem todos os pensamentos de Ceony se têm concentrado na magia do papel dado que ela ainda não quebrou a barreira professor/estudante, apesar da crescente proximidade entre os dois. Um mago sedento de vingança convence-se de que Ceony detém um segredo e jura descobri-lo… mesmo que, com isso, tenha que romper o próprio tecido do mundo mágico em que se movem

Opinião:

Não podia perder a leitura de Magia de Vidro uma fez que gostei muito de ler o primeiro volume desta trilogia, Magia de Papel. Foi um prazer voltar a este universo e reencontrar as personagens que me cativaram, mas não posso dizer que este livro me tenha cativado ou impressionado da mesma forma que o anterior.

Desta vez, a trama gira em volta de um novo perigo que surge através de um mago ligado à magia do vidro. Gostei muito das potencialidades desta arte, pois, tal como aconteceu quando a magia do papel foi apresentada no primeiro volume, Charlie N. Holmberg demonstra ser dotada de uma grande imaginação. A utilização de espelhos, por exemplo, para comunicação entre estes objectos e transportes é muito interessante e permite momentos de grande acção nesta aventura. A magia acaba mesmo por ser o ponto forte desta história.

Apesar de haver um novo obstáculo a ser ultrapassado, parece que toda a leitura se foca mais nos sentimentos de Ceony para com o seu professor, Emery. Este é um amor platónico que parece ser não correspondido ou não aceite pela outra parte. Como tal, existem muitos momentos de introspecção da protagonista, que se concentra nos seus sentimentos, desejos e nas tentativas de decifrar todos os gestos, palavras e atitudes de Emery. Fica evidente que existe química entre ambos apesar de tal não ser eticamente aceite devido à relação estudante/professor, e o leitor deseja que realmente os dois sejam felizes um com o outro. Contudo, o foco nestes sentimentos é excessivo e empobrece a obra.

O novo grande vilão, Grath, fornece uma aura de perigo, mas gostaria que ele fosse melhor explorado. A sua magia e uma revelação que faz no fim são de grande interesse e relevância, mas esta personagem tem pouca profundidade. Gosto quando os vilões têm objectivos que vão para além do básico "querer poder e destruir tudo à volta", mas não é isso que Grath transmite. A autora falhou neste aspecto e não conseguiu chocar com a figura que faz a narrativa acontecer.

Não existem tantos elementos negros como aconteceu no primeiro volume, mas a acção desenvolve-se com maior rapidez. Apesar de todos os dramas amorosos, acaba por haver sempre algo que nos agarra, quer seja uma nova descoberta ou ameaça. Isto ajuda a leitura a fluir com alguma rapidez. O facto de também se tratar de um livro de pouco mais de 200 páginas também faz com que, em menos de nada, se chegue num instante à última página.

Magia de Vidro volta a apresentar uma visão sobre a magia diferente e muito apelativa. Contudo, falha ao focar-se muito num romance pouco maduro e em apresentar um vilão uni-dimensional. Apesar de não ter ficado tão bem impressionada como aconteceu com o primeiro livro desta trilogia, ainda desejo ter a oportunidade de ler o último volume, com esperança de que a autora consiga criar uma conclusão mais emocionante, pelo menos ao nível do primeiro livro.


Outras opiniões a livros de Charlie N. Holmberg:
Magia de Papel (#1)

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